Explicaê

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Muito se fala de J. K. Rowling (autora da série Harry Potter) e

Stephanie Meyer (autora da série Crepúsculo), mas é preciso

reconhecer que temos uma equivalente nacional, tanto em talento

quanto em popularidade, e seu nome é Thalita Rebouças. Com

pouco mais de 40 anos, ela já escreveu umas duas dezenas de

livros voltados ao público adolescente, tendo vendido em torno

de 1,5 milhão de exemplares, o que a faz a escritora brasileira

que mais vende neste segmento no país. Tamanho sucesso, é

claro, não demoraria para chegar às telas, e se atualmente ela

se encontra envolvida em diferentes estágios de produção de

seis adaptações para o cinema de suas obras, a primeira delas

a estrear é, justamente, Fala Sério, Mãe, talvez o mais conhecido

dos seus trabalhos. E o que encontramos é um filme que, se

não deixa de transitar pelos recursos mais visitados da velha

fórmula “indicado para toda a família”, ao menos assim o faz com

sinceridade e competência, entregando um longa simpático,

dono de mais altos do que baixos.

Alçada à posição de maior estrela do cinema brasileiro há

questão de dois ou três anos, principalmente após os fenômenos

de bilheteria De Pernas pro Ar 2 (2012) e Loucas pra Casar (2015),

Ingrid Guimarães tem encontrado dificuldade em ir além do

riso puro e simples. O drama Entre Idas e Vindas (2016) foi um

fracasso, enquanto que a comédia romântica Um Namorado

para Minha Mulher (2016) obteve um desempenho bem aquém

do esperado. Porém, se o objetivo é se apresentar como uma atriz

versátil, é preciso seguir investindo nesta diversidade. Fala Sério,

Mãe, portanto, é mais um passo neste sentido, principalmente

por apresentá-la, pela primeira vez, como uma mãe de família. E

ainda que Larissa Manoela divida os créditos com ela, é Ingrid a

verdadeira estrela do filme. Sua personagem percorre um arco não

apenas melhor desenvolvido, como também revela uma nuance

de sentimentos que proporciona ao espectador uma melhor

identificação, possibilitando que o siga durante esta jornada de

chegadas e partidas.

Pra começar, com menos de 80 minutos de duração, Fala

Sério, Mãe reserva sua meia-hora inicial somente aos conflitos

vividos por Ângela (Guimarães), essa mulher que, logo após o

casamento, se vê grávida de um filho atrás do outro. No total, a

família é formada ainda pelo marido e três crianças, mas o foco

está na relação entre mãe e a filha mais velha, Malu. Duda Batista,

que a vive dos três aos cinco anos, é uma graça, enquanto que

Vitória Magalhães, responsável pela personagem dos 7 aos 10

anos, é a grande revelação - a cena do balé é hilária! Enquanto

isso, essa mãe de primeira viagem precisa descobrir como

deixar de lado tudo que sempre foi para se dedicar, quase que

inteiramente, àquele núcleo familiar em construção. O homem

é praticamente um adendo, passando os dias fora, no trabalho,

e ajudando, quando em casa, apenas em situações pontuais.

Os caçulas, por outro lado, servem para oferecer um equilíbrio,

alternando atenções. Mas é na primogênita que a protagonista se

vê, e justamente por isso as trocas entre elas serão mais intensas,

assim como as cobranças.

Com o amadurecimento da menina, Larissa Manoela entra em

cena para vender não apenas a imagem da garota-prodígio

que os seus fãs tão bem conhecem, como também introduzir

uma nova, mais adulta e segura de si. Talvez seu alcance seja o

verdadeiro desafio - ela acompanha Malu dos 12, 13 anos até os 20,

21, muito além da sua própria idade (Larissa tinha 16 na época das

filmagens). E se não é à toa o seu status de celebridade, isso muito

se deve por habitar uma zona de conforto há muito conhecida. Aqui,

ao se aventurar por território ainda não desbravado, percebemos

sua inadequação em certa medida. Ela está mais à vontade, por

exemplo, em Meus 15 Anos (2017). Mas se arriscar também faz

parte do processo de crescimento, e, por isso, merece o crédito.

Começamos ao lado da mulher que precisa aprender a ser

mãe, e assim vamos, até chegar o momento da filha ocupar o

seu lugar devido. É uma situação enfrentada por qualquer família,

aqui explorada com sensibilidade e bom humor. Não se deixam

de lado problemas e frustrações, mas também há espaço para

alegrias e conquistas. Pedro Vasconcelos, que começou sua

carreira atuando em novelas da Rede Globo, hoje parece ter se

encontrado na direção, e demonstra a cada novo trabalho essa

afinidade pelo exercício dos atores. Ingrid Guimarães e Larissa

Manoela formam uma boa dupla, e o texto de Thalita Rebouças

parece indicado para o que cada uma delas busca, pois, ainda que

distintos, merecem ser alcançados em igual proporção. Fala Sério,

Mãe pode soar superficial em alguns momentos, principalmente

por tratar seus coadjuvantes sem muita profundidade, mas seu

valor de fato parece estar no mapa emocional que desenha. Um

saldo positivo, que deve justificar tanto os interesses de quem

o realizou, como, também, nos exemplos que entrega a uma

audiência ávida não apenas por novidades, mas também por

conteúdo e significados.Robledo Milani - https://www.papodecinema.com.br/filmes/fala-serio-mae/


A crítica feita por Robledo Milani inicia com uma análise

sobre a atuação da atriz Ingridi Guimarães, algo que pode

ser notado no trecho:

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