Texto para a questão. A Dança dos Ossos [...] A lua batia de chapa na areia branca do meio da estrada. Enquanto eu estou esporeando com toda a força a barriga do burro, salta lá, no meio do caminho, uma cambada de ossinhos brancos, pulando, esbarrando uns nos outros, e estalando numa toada certa, como gente que está dançando ao toque de viola. Depois, de todos os lados, vieram vindo outros ossos maiores, saltando e dançando da mesma maneira. Por fim de contas, veio vindo lá, de dentro da sepultura, uma caveira branca como papel, e com os olhos de fogo; e dando pulos como sapo, foi-se chegando para o meio da roda. [...] Eu bem queria fugir, mas não podia; meu corpo estava como estátua, meus olhos estavam pregados naquela dança dos ossos [...] Ah! meu amo!... Eu não sei o que era feito de mim!... Eu estava sem fôlego, com a boca aberta querendo gritar e sem poder, com os cabelos espetados; meu coração não batia, meus olhos não pestanejavam. O meu burro mesmo estava a tremer e encolhia-se todo, como quem queria sumir-se debaixo da terra. Oh! se eu pudesse... fugir naquela hora, eu fugia ainda que tivesse de entrar pela goela de uma sucuri adentro. GUIMARÃES, Bernardo. A Dança dos Ossos.
Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000038.pdf. Acesso em: 08 abr. 2019. (Adaptado.) Glossário
Esporear: picar com as esporas.
Enunciado:
Os termos “enquanto”, “depois” e “por fim”, destacados no 1º parágrafo do texto, contribuem para a progressão temática e revelam: