Explicaê

01

O menino que escrevia versos      Tudo corria sem mais, [...]. Mas eis que começaram a aparecer, [...], papéis rabiscados com versos. O filho confessou, sem pestanejo, a autoria do feito.       – São meus versos, sim.       O pai logo sentenciara: [...]. Aquilo era coisa de estudos a mais, [...], más companhias. [...]       Dona Serafina defendeu o filho [...]. O pai, [...], exigiu: então, ele que fosse examinado. [...]       Olhos baixos, o médico escutou tudo, sem deixar de escrevinhar num papel. Aviava já a receita para poupança de tempo. Com enfado, o clínico se dirigiu ao menino:      – Dói-te alguma coisa?      – Dói-me a vida, doutor. [...]      A resposta, sem dúvida, o surpreendera. [...] O médico voltou [...] a enfrentar o miúdo:      – E o que fazes quando te assaltam essas dores?      – O que melhor sei fazer, excelência.      – E o que é?      – É sonhar. [...]      O médico estranhou o miúdo. [...] Mas o moço, voz tímida, foi-se anunciando. Que ele, [...] inventara sonhos desses que já nem há, [...]. O doutor o interrompeu:      – Não tenho tempo, moço, isto aqui não é nenhuma clínica psiquiátrica.      A mãe, [...], pediu clemência. O doutor que desse ao menos uma vista de olhos pelo caderninho dos versos. A ver se ali catava o motivo de tão grave distúrbio. Contrafeito, o médico aceitou e guardou o manuscrito na gaveta. [...]     Na semana seguinte, foram os últimos a ser atendidos. O médico, sisudo, taciturneou: o miúdo não teria, por acaso, mais versos? O menino não entendeu.      – Não continuas a escrever?      – Isto que faço não é escrever, doutor. Estou, sim, a viver. Tenho este pedaço de vida – disse, apontando um novo caderninho – quase a meio.      O médico chamou a mãe, à parte. [...] O menino carecia de internamento urgente.      – Não temos dinheiro – fungou a mãe entre soluços.      – Não importa – respondeu o doutor.      Que ele mesmo assumiria as despesas. E que seria ali mesmo, na sua clínica, que o menino seria sujeito a devido tratamento. E assim se procedeu.      Hoje quem visita o consultório raramente encontra o médico. Manhãs e tardes ele se senta num recanto do quarto onde está internado o menino. Quem passa pode escutar a voz pausada do filho do mecânico que vai lendo, verso a verso, o seu próprio coração. E o médico, abreviando silêncios:      – Não pare, meu filho. Continue lendo...  COUTO, Mia. Disponível em: http://www.releituras.com/miacouto_menino.asp. Acesso em: 20 fev. 2018. Fragmento. 


A partir da leitura do texto, é possível compreender que

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