Explicaê

01

 Gaetaninho

Ali na Rua do Oriente a ralé quando muito andava de bonde. De automóvel ou de carro só mesmo em dia de enterro. De enterro ou de casamento. Por isso mesmo o sonho de Gaetaninho era de realização muito difícil.  

Um sonho. [...]  

— Traga a bola! Gaetaninho saiu correndo.  

Antes de alcançar a bola um bonde o pegou. Pegou e matou.  

No bonde vinha o pai do Gaetaninho.  

A gurizada assustada espalhou a notícia na noite.  

— Sabe o Gaetaninho?  

— Que é que tem?  

— Amassou o bonde!  

A vizinhança limpou com benzina suas roupas domingueiras.  

Às dezesseis horas do dia seguinte saiu um enterro da Rua do Oriente e Gaetaninho não ia na boleia de nenhum dos carros do acompanhamento. Ia no da frente dentro de um caixão fechado com flores pobres por cima. Vestia a roupa marinheira, tinha as ligas, mas não levava a palhetinha.  

Quem na boleia de um dos carros do cortejo mirim exibia soberbo terno vermelho que feria a vista da gente era o Beppino.  

MACHADO, A. A. Brás, Bexiga e Barra Funda: notícias de São Paulo. Belo Horizonte; Rio de Janeiro: Vila Rica, 1994.

 

Situada no contexto da modernização da cidade de São Paulo na década de 1920, a narrativa utiliza recursos expressivos inovadores, como:

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