[...] a aristocracia do final do período feudal foi obrigada a abandonar antigas tradições e a adquirir muitas aptidões novas. Teve que deixar o exercício militar da violência privada, os padrões sociais de lealdade do vassalo, os hábitos econômicos de despreocupação hereditária, os direitos políticos de autonomia representativa e os atributos culturais de ignorância iletrada. Teve que aprender as novas ocupações de um oficial disciplinado, um funcionário letrado, um polido cortesão [...]. A história do absolutismo ocidental é, em grande parte, a história da lenta reconversão da classe dominante fundiária à forma necessária de seu próprio poder político [...].
ANDERSON, Perry. Linhagens do absolutismo. São Paulo: Editora Brasiliense, 1985, p. 47. (Adaptado)
TEXTO II
À medida que as maneiras se refinam, tornam-se distintivas de uma superioridade: não é por acaso que o exemplo parece vir de cima e, logo, é retomado pelas camadas médias da sociedade, desejosas de ascender socialmente. É exibindo os gestos prestigiosos que os burgueses adquirem estatuto nobre. O ser de um homem se confunde com a sua aparência. Quem age como nobre é nobre.
RIBEIRO, Renato Janine, A Etiqueta no Antigo Regime. São Paulo: Editora Moderna, 1998, p. 12. (ASS.C3H11)
A etiqueta, cuja noção foi apresentada pelo Texto II, à luz do texto I, foi um instrumento de