Explicaê

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(UEL) Leia o texto a seguir e responda à questão.

Lira 83

Que diversas que são, Marília, as horas,

que passo na masmorra imunda e feia,

dessas horas felizes, já passadas

na tua pátria aldeia!

 

Então eu me ajuntava com Glauceste;

e à sombra de alto cedro na campina

eu versos te compunha, e ele os compunha

à sua cara Eulina.

 

Cada qual o seu canto aos astros leva;

de exceder um ao outro qualquer trata;

o eco agora diz: Marília terna;

e logo: Eulina ingrata.

 

Deixam os mesmos sátiros as grutas:

um para nós ligeiro move os passos,

ouve-nos de mais perto, e faz a flauta

cos pés em mil pedaços.

 

— Dirceu — clama um pastor — ah! bem merece

da cândida Marília a formosura.

E aonde — clama o outro — quer Eulina

achar maior ventura?

Nenhum pastor cuidava do rebanho,

enquanto em nós durava esta porfia;

e ela, ó minha amada, só findava

depois de acabar-se o dia.

 

À noite te escrevia na cabana

os versos, que de tarde havia feito;

mal tos dava e os lia, os guardavas

no casto e branco peito.

 

Beijando os dedos dessa mão formosa,

banhados com as lágrimas do gosto,

jurava não cantar mais outras graças

que as graças do teu rosto.

 

Ainda não quebrei o juramento;

eu agora, Marília, não as canto;

mas inda vale mais que os doces versos

a voz do triste pranto.

(GONZAGA, T. A. Marília de Dirceu & Cartas Chilenas. São Paulo: Ática, 1997. p. 126-127.)

Com base no poema de Tomás Antônio Gonzaga, considere as afirmativas a seguir: 

I. Na primeira estrofe do poema, o eu-lírico coloca lado a lado sua situação de prisioneiro político no presente da elaboração do poema e sua situação de estrangeiro no passado vivido em ambiente urbano.

II. Na quinta estrofe do poema, há o registro da “porfia”, ou seja, da disputa obstinada efetivada por meio de palavras, de dois pastores: Dirceu (Tomás Antônio Gonzaga) e Glauceste (Cláudio Manuel da Costa).

III. Nas estrofes de números 7 e 8, depara-se o leitor com ambiente distinto daquele compartilhado com Glauceste, pois agora o ambiente é fechado e restrito ao convívio com a mulher amada.

IV. Na última estrofe do poema, o eu-lírico afirma continuar cantando as graças de outros rostos, embora só consiga sentir o ambiente fétido e repugnante da prisão.

Assinale a alternativa correta.

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