Explicaê

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Leia os textos I e II, a seguir, e resolva as questões

 

TEXTO I

 

Procura-se

Procura-se um lugar que tenha cheiro e gosto de mato, mas não seja mato, pois a  

vida em comunidade, respeitados os espaços particulares, é a melhor

 

Aquele jeito tranquilo de viver, casa depois de casa, ruas calmas e sem barulho, vizinhos se cumprimentando a cada vez que se encontravam e a certeza que todos tinham de que, diante de qualquer necessidade, muitas mãos surgiriam para ajudar, colaborar, trabalhar junto. A palavra valendo mais do que qualquer documento passado em cartório, mas os compromissos escritos sendo, também, certamente cumpridos. A cidade crescendo em harmonia com seus habitantes.

Todas as crianças na escola pública, que nem se dizia de qualidade porque não se conhecia o contrário. A educação sentida como o passaporte indispensável para o crescimento, herança maior que os pais legavam a seus filhos, que todo país deve a seus cidadãos.

Procura-se por uma vida simples e comum – mesmo que aqui seja uma metrópole e haja muito asfalto, muitos prédios, muitos carros e essa estonteante luta pela sobrevivência. Civilidade, civilização. Lixo na lata de lixo. Regras de convivência respeitadas. Conhecer o próprio direito e valorizar o do semelhante. Sem mágica, discursos e demagogia, uma transformação possível de ser conquistada com competência, solidariedade, trabalho e muita honestidade.

“Aqui vive um povo que merece mais respeito e belo é o povo como é belo todo amor.” Sonhar utopias e realizar o possível e o necessário. Sem a vã glória do poder. Espírito público, servir ao público. Pensar antes de falar e fazer besteira. Refletir. Não há deuses nos palácios. A vida brasileira pode e deve ser uma jornada feliz, ou pelo menos mais feliz do que é para muitos. Procura-se com muita vontade.

 

BRANT, Fernando. Procura-se. Jornal Estado de Minas. 20 de maio de 2009.

 

VOCABULÁRIO

Legavam: deixavam, transmitiam.

Demagogia: manipulação da população em função de interesses próprios e pouco lícitos

 

 

TEXTO II

  

Cidadezinha qualquer

 

Casas entre bananeiras

mulheres entre laranjeiras

pomar amor cantar.

 

Um homem vai devagar.

Um cachorro vai devagar.

Um burro vai devagar.

Devagar... as janelas olham.

 

Eta vida besta, meu Deus.

 

ANDRADE, Carlos Drummond. Cidadezinha Qualquer. Disponível em: http://www.horizonte.unam.mx/brasil/drumm6.html. Acesso em: 15 de julho de 2009.

 

O narrador do texto I externa um desejo, uma busca em relação à sociedade. Explique o tipo de sociedade que o narrador procura.  Justifique sua resposta com duas passagens do texto