Texto I
Vivendo provavelmente no século VIII a.C., costumava peregrinar pelas cortes e pelas ágoras, mercados públicos das cidades daquela época, a repetir, em estrofes candentes, entusiastas, cosendo os cantos uns nos outros, os memoráveis feitos dos aqueus, antepassados dos gregos.
Segundo o costume, apresentava-se em pé, apoiado em um bastão, narrando de memória e em voz alta, para que todos ouvissem, e, assim, preservava a memória dos combates e dos másculos heróis do passado. Teria sido ele o principal responsável por conferir unidade cultural a todo o povo de fala grega, o do continente da Ática, o da península do Peloponeso e o das ilhas do Mar Egeu. Para Hesíodo, foi Homero quem constituiu a teologia nacional da Grécia. É consenso, hoje, que nenhum poeta, nenhuma personalidade literária, ocupou na vida do seu povo lugar semelhante.
Homero narrou a epopeia da guerra de Troia em duas obras distintas: Ilíada (dedicada ao último ano da guerra) e Odisseia (narrativa das peripécias de Ulisses depois da guerra). Nelas, encontram-se não só a relação estreita dos homens com inúmeros deuses, mas também a exposição da cosmogonia grega, o que solidificou a posição dessas duas obras como expressão dos ideais de formação dos gregos (Paideia).
Internet: (com adaptações).
Texto II
Efetivamente, são esses [Hesíodo e Homero] que fizeram para os homens essas fábulas falsas — que contaram e continuam a contar —, nas quais os deuses lutam contra os deuses, que conspiram e combatem, pois nada disso é verdade. Nem se deve contar essas fábulas na nossa cidade se queremos que os futuros guardiões considerem uma grande vileza o odiarem-se uns aos outros por pouca coisa.
Platão. A República. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1993, p. 88-9 (com adaptações).
Considerando os textos acima, julgue o item.
Depreende-se do segundo texto que, para Platão, os mitos não têm valor filosófico.