[1] O privilégio de iniciar o primeiro julgamento da
história por crimes contra a paz no mundo impõe uma grave
responsabilidade. Os crimes que procuraremos condenar e
[4] punir foram tão premeditados, tão maléficos e devastadores,
que o mundo civilizado não pode tolerar que sejam
ignorados, uma vez que este não seria capaz de sobreviver à
[7] repetição daqueles. Que quatro grandes nações, arrebatadas
pela vitória e ainda ofendidas pela injúria, optem por evitar
a vingança e entreguem voluntariamente à lei os seus
[10] inimigos capturados é um dos mais significativos tributos já
pagos pelo Poder à Razão. O senso comum da humanidade
exige que a lei não se restrinja a punir os pequenos crimes da
[13] gente miúda. A lei deve atingir também aqueles que
detenham grandes poderes e que os usem de forma
deliberada e articulada para pôr em ação males os quais não
[16] deixam ileso nenhum lar deste mundo. É um caso dessa
magnitude que as Nações Unidas apresentarão a Vossas
Excelências.
Robert H. Jackson. “Opening address for the United States.” In: Office of United States chief counsel for prosecution of axis criminality. Nazi conspiracy and aggression. Washington: United States Government Printing Office, 1946, p. 114 (tradução com adaptações).
A partir do texto acima, extraído do discurso proferido na abertura do Tribunal Internacional de Nurembergue, em 1945, julgue:
Está presente no texto a ideia de que os países que compuseram o Tribunal de Nurembergue, na condição de vitoriosos na Segunda Guerra, poderiam ter adotado procedimentos de vingança.