A última travessura
Adolescentes usam toque de celular numa frequência que muitos adultos não escutam
Há muito as escolas decretaram que telefone celular só entra em sala de aula desligado e, de preferência, guardado bem no fundo da mochila. É compreensível. Não faz sentido que a lição seja interrompida pela versão digitalizada do último sucesso de Britney Spears – ou por coisa ainda pior. Agora, um grupo de adolescentes ingleses descobriu uma maneira engenhosa de burlar essa norma. Eles criaram um toque de celular, semelhante a um apito, que a maioria dos adultos não consegue ouvir. Com isso, podem receber avisos de mensagens armazenadas no celular, ou até mesmo chamadas, sem que a professora se dê conta da infração cometida bem à sua frente. O segredo está na frequência sonora em que o toque é executado: 17 quilohertz, o que resulta num som extremamente agudo. A ciência ensina que a perda gradativa da audição decorrente da idade, ou presbiacusia, começa com a menor percepção dos tons mais altos do espectro sonoro. O toque criado pelos garotos ingleses encontra-se justamente numa faixa do espectro que não é percebida pela maioria das pessoas com mais de 29 anos. "Em geral, não se percebe essa perda ao longo da vida porque poucos sons que ouvimos no dia a dia são emitidos em frequências tão altas", explica o otorrinolaringologista Ricardo Bento, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
CAMARGO, Leoleli. (Fragmento). Disponível em:
<http://veja.abril.com.br/210606/p_094.html> Acesso em: 20 out. 2011.
O enunciador do texto, o repórter, por vezes assume o discurso do professor, praticamente confundindo sua voz com a deste. Isso fica claro em