Com a Ponta do Focinho
ONG treina ratos para farejar minas terrestres em campos africanos Ele teve seu primeiro contato com ratos da mesma forma que muitas outras
crianças: quando ganhou um hamster de estimação. Aos 14 anos, o designer de produtos belga Bart Weetjens começou a procriar várias espécies de roedores domésticos, para vender a pet shops e reforçar a mesada.
Anos mais tarde, já formado e fazendo estágios em diferentes indústrias, lembrou dos mascotes quando leu um artigo científico sobre como ratos podem farejar explosivos. Era a chance de colocar em prática o sonho de ir à África fazer trabalhos humanitários. Nesse caso, no rastreamento e desarmamento de minas terrestres, resquícios das dezenas de guerras civis do continente. “Sempre quis ir para a África combater a pobreza e a desigualdade, mas até então não sabia o que fazer”, diz. Em 1997, criou sua organização, a Apopo, em Antuérpia (Bélgica), sua cidade natal.
Depois de dois anos de testes com o rato-gigante-da-gâmbia, transferiu-se para a Tanzânia. Em 2003, os primeiros animais foram a campo em Moçambique, em busca das minas.
O faro apurado desses ratos está rendendo frutos também na área da saúde. A Apopo vem treinando os bichos como uma “máquina” de diagnósticos de tuberculose. Em dez minutos, um animal consegue avaliar 40 amostras pelo faro, o equivalente a dois dias de trabalho no microscópio se fosse feito por um técnico laboratorial.
Hoje o trabalho dos ratinhos atende comunidades carentes de duas cidades da Tanzânia, uma população de 500 mil pessoas. Segundo a Apopo, a cada semana eles detectam a doença em 5 a 10 amostras que haviam passado incólumes pelos microscópios. Ou seja, pacientes que teriam sido privados de tratamento por erro de diagnóstico.
TIRABOSCHI, Juliana. Galileu. São Paulo: Globo, n.206, p.16, set. 2008.
Assinale a alternativa em que o emprego das aspas no termo máquina, no quarto parágrafo do texto, está justificado.