Explicaê

01

Noites do Bogart

O Xavier chegou com a namorada mas, prudentemente, não a levou para a mesa com o grupo.

Abanou de longe. Na mesa, as opiniões se dividiam.

— Pouca vergonha.

— Deixa o Xavier.

— Podia ser filha dele.

— Aliás, é colega da filha dele.

Na sua mesa, o Xavier pegara na mão da moça.

— Está gostando?

— Pô. Só.

— Chocante, né? — disse o Xavier. E depois ficou na dúvida. Ainda se dizia “chocante”?

Beberam em silêncio. E ele disse:

— Quer dançar?

E ela disse, sem pensar:

— Depois, tio.

E ficaram em silêncio. Ela pensando “será que ele ouviu?”. E ele pensando “faço algum comentário a respeito, ou deixo passar?”. Decidiu deixar passar. Mas, pelo resto da noite aquele “tio” ficou em cima da mesa, entre os dois, latejando como um sapo. Ele a levou em casa. Depois voltou. Sentou com os amigos.

— Aí, Xavier. E a namorada?

Ele não respondeu.

VERISSIMO, L. F. O melhor das comédias da vida privada. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004.


O efeito de humor no texto é produzido com o auxílio da quebra de convenções sociais de uso da língua. Na interação entre o casal de namorados, isso é decorrente:

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