A série “Os brasileiros que ainda vivem na ditadura”, publicada no ano passado pelo GLOBO, revelou a rotina de 1,5 milhão de moradores de favelas do Rio. Vinte e dois anos após o fim da ditadura militar, a série denunciou os métodos utilizados por traficantes, milicianos e maus policiais, com casos de torturadores que espancam, queimam e cortam partes das vítimas em sessões públicas de barbárie. A série revelou ainda que, em 14 anos, traficantes, milicianos e policiais corruptos foram responsáveis pelo desaparecimento de 7.324 pessoas, 54 vezes mais do que o número de desaparecidos nos “anos de chumbo”, segundo o Grupo Tortura Nunca Mais. Em outra reportagem, sobre execuções, estudos mostraram que a taxa de jovens assassinados em favelas do Rio é sete vezes maior do que o índice fora das comunidades. A série revelou ainda a existência de moradores exilados que foram obrigados a abandonar suas casas para tentar escapar da morte. Além disso, mostrou que, na favela, prevalece a política do “pé na porta”, de invasão de domicílios sem respaldo legal. A cassação do direito de ir e vir e a censura também foram temas da série. Na Praia de Ramos, milicianos haviam construído um muro de três metros de altura com portões de ferro que são fechados às 22h, transformando a favela numa cidadela. Barreiras também são usadas para restringir o acesso às comunidades. E, nas favelas dominadas pelo tráfico e pela milícia, há músicas censuradas e até monitoramento de e-mails. O tribunal do tráfico em ação.
Disponível em: http://www.extra.globo.com. Acesso em: 16 maio 2017 (adaptado).
A expressão “Os brasileiros que ainda vivem na ditadura” é uma referência às