Agora sei que a minha língua é a língua de sinais. Agora sei também que o português me convém. Eu quero ensinar português para os meus alunos surdos, pois eles precisam dessa língua para ter mais poder de negociação com os ouvintes [G, 2004].
Eu me sinto bilíngue, eu converso com os surdos na minha língua e converso com os ouvintes no português, porque aprendi a falar o português, embora eu tenha voz de surdo, mas as pessoas muitas vezes me entendem. Eu já me acostumei a conversar com os ouvintes no meu português. Se alguns não me entendem, eu escrevo [SZ, 2011].
QUADROS, R. M. Libras. São Paulo: Parábola, 2019.
Considerando os contextos de uso da Libras e da língua portuguesa, o depoimento desses surdos revela que no contato entre essas línguas há uma
Questões relacionadas
- Biologia | 12.4 Relações Ecológicas
Estudo aponta que a extinção de preguiças-gigantes, cuja base da dieta eram frutos e sementes, provocou impactos consideráveis na vegetação do Pantanal brasileiro. A flora, embora não tenha desaparecido, tornou-se menos abundante que no passado, além de ocupar áreas mais restritas.
BICUDO, F. Jardineiros da pesada. Ecologia. Pesquisa Fapesp, ed. 231, maio 2015 (adaptado).
O evento descrito com a flora ocorreu em razão da redução da produção de flores.
- História | 3.2 Era Vargas
Elaborado pelos partidários da Revolução Constitucionalista de 1932, o cartaz apresentado pretendia mobilizar a população paulista contra o governo federal.
Essa mobilização utilizou-se de uma referência histórica, associando o processo revolucionário
- Química | 3.8 Bioquímica
A figura seguinte mostra a estrutura básica de um triacilglicerídeo, em que R, R’ e R’’ representam cadeias carbônicas, saturadas ou insaturadas, com pelo menos oito átomos de carbono. Sabe-se que o triacilglicerídeo pode reagir tanto por transesterificação (reação A) quanto por hidrólise básica (reação B). Em ambos os casos, um produto comum dessas reações pode ser usado na produção de nitroglicerina (reação C).
Para fabricar sabão em uma aula experimental, a partir do triacilglicerídeo, um grupo de alunos optou pela reação
- Língua Portuguesa
Conversando com os mortos
Neste exato instante em que seus olhos passam por estas linhas, está ocorrendo um pequeno milagre da tecnologia. Não, não estou falando do computador nem da transmissão de dados pela internet, mas da boa e velha leitura, inventada pela primeira vez cerca de 5.500 anos atrás. Para nós, leitores experimentados, ela parece a coisa mais natural do mundo, mas 1isso não passa de uma ilusão. Ler não apenas não é natural como ainda envolve cooptar uma complexa rede de processos neurológicos que surgiram para outras finalidades.
Acho que dá até para argumentar que a escrita é a mais fundamental criação da humanidade. Ela nos permitiu ampliar nossa memória para horizontes antes inimagináveis. Não fosse por ela, jamais teríamos atingido os níveis de acúmulo, transmissão e integração de conhecimento que logramos obter. Nosso modo de vida provavelmente não diferiria muito daquele experimentado por nossos ancestrais do Neolítico.
A conclusão é que, de alguma forma, conseguimos adaptar nosso cérebro de primatas para lidar com a escrita. Para Stanislas Dehaene (matemático e neurocientista francês), operou 2aqui o fenômeno da reciclagem neuronal, pelo qual processos que surgiram para outras funções foram recrutados para a leitura. 3A coisa funcionou tão bem que nos tornamos capazes de ler com proficiência e rapidez, obtendo a façanha de absorver a linguagem através da visão, 4algo para o que nosso corpo e mente não foram desenhados.
Antes de continuar, é preciso qualificar um pouco melhor esse "funcionou tão bem". É claro que funcionou, tanto que me comunico agora com você, leitor, através desse código especial. Mas, se você puxar pela memória, vai se lembrar de que teve de aprender a ler, um processo que, na maioria esmagadora dos casos, exigiu instrução formal e vários anos de treinamento até atingir a presente eficiência.
Enquanto a aquisição da linguagem oral ocorre, esta sim, naturalmente e sem esforço (basta jogar uma criança pequena numa comunidade linguística qualquer que ela "ganha" o idioma), a escrita/leitura precisa ser ensinada e praticada.
As dificuldades não são poucas. Começam nos olhos (só conseguimos ler o que é captado pela fóvea) e se estendem por todo o tecido neuronal. Um problema particularmente interessante é o da invariância. Como o cérebro faz para concluir que os caracteres mostrados na figura 1 são a mesma letra, apesar dos diferentes desenhos? Pior, mesmo quando fazemos uma sopa de fontes e misturamos tudo, continuamos decifrando a mensagem com pouca perda de velocidade. Comprove lendo a frase da figura 2.
(Adaptado de SCHWARTSMAN, Hélio. Conversando com os mortos. Folha de S. Paulo. 14 jun. 2012.)
Para a adequada interpretação do texto, é necessário identificar a que informações apresentadas previamente correspondem algumas expressões de sentido vago empregadas pelo autor. Considere as seguintes correspondências:
1. "Isso" (ref. 1) refere-se à existência de leitores experientes.
2. "Aqui" (ref. 2) refere-se à adaptação do cérebro para o uso da escrita.
3. "A coisa" (ref. 3) refere-se ao fenômeno da reciclagem neuronal.
4. "Algo" (ref. 4) refere-se ao deslocamento de processos de sua função original para possibilitar a leitura.
Assinale a alternativa correta:
- Literatura
(USFM) Em Caramuru, poema épico de Santa Rita Durão, o herói, Diogo Álvares Correia, em determinado momento narrado no Canto VII, chega com Paraguaçu, sua amada, à França, onde, instado pelo rei, relata as belezas da terra brasileira. Entre as flores, uma é destacada:
XXXIX
É na forma redonda, qual diadema
De pontas, como espinhos, rodeada,
A coluna no meio, e um claro emblema
Das chagas santas e da cruz sagrada:
Veem-se os três cravos e na parte extrema
Com arte a cruel lança figurada,
A cor é branca, mas de um roxo exangue,
Salpicada recorda o pio sangue.
XL
Prodígio raro, estranha maravilha,
Com que tanto mistério se retrata!
Onde em meio das trevas a fé brilha,
Que tanto desconhece a gente ingrata:
Assim do lado seu nascendo filha
A humana espécie, Deus piedoso trata,
E faz que quando a graça em si despreza,
Lhe pregue co’esta flor a natureza.
A partir desse fragmento, assinale verdadeira (V) ou falsa (F) em cada afirmativa a seguir.
( ) As duas estrofes podem ser classificadas como oitavas compostas apenas de versos decassílabos.
( ) A estrofe XXXIX é basicamente descritiva, em que detalhes da anatomia da flor são aproximados da tradicional imagem de Jesus Cristo na cruz.
( ) A estrofe XL apresenta uma interpretação da personagem, que considera a presença da flor uma manifestação misteriosa da graça de Deus entre os índios, os quais, por meio da visão da planta, convertem-se.
( ) Na análise conjunta das duas estrofes, percebe-se a presença de duas características marcantes da primeira literatura feita no Brasil: a descrição da natureza local e a preocupação com a conversão do nativo à fé do colonizador.
A sequência correta é