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A alegria era quase insuportável: da primeira vez, escapei acordando. Agora vou escapar dormindo. Não era simples? Recostou a cabeça no espaldar do banco, mas não era sutil? Enganar assim essa morte saindo pela porta do sono. Preciso dormir, murmurou fechando os olhos. Por entre a sonolência verde-cinza, viu que retomava o sonho no ponto exato em que fora interrompido. A escada. Os passos. Sentiu o ombro tocado de leve. Voltou-se. (p. 153)
TELLES, L. F. A mão no ombro. In: TELLES, L. F. Melhores contos de Lygia Fagundes Telles. Seleção de Eduardo Portella. São Paulo: Global, 2015.
Nesse fragmento do conto “A mão no ombro”, as indagações configuram-se como uma estratégia narrativa que visa a