Solitário
Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta,
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiar-me à tua porta!
Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos contorta...
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta!
Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele,
– Velho caixão a carregar destroços –
Levando apenas na tumba carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!
ANJOS, A. dos. Eu. São Paulo: Attar, 2015.
Característica do Simbolismo, a subjetividade se faz presente no poema de Augusto dos Anjos, que apresenta um eu-lírico a procurar refúgio à porta da pessoa amada. No poema, a referência ao pergaminho e ao chocalho é um recurso expressivo que objetiva