Nos eventos religiosos mais solenes da Festa de Sant’Ana de Caicó (RN), as vestes brancas de grande parte dos fiéis se evidenciam por meio dos bordados, principalmente os de richelieu. Os paramentos litúrgicos da igreja e dos padres também fazem uso desse tipo de adereço. O ofício, como contam as próprias bordadeiras, remete à herança portuguesa trazida pelas mulheres dos colonizadores no final do século XVII e início do século XX. Os padrões tradicionais do bordado remetem, inclusive, aos da Ilha da Madeira, em Portugal, com flores, folhas e pistilos. Por muito tempo permaneceu como passatempo e forma de demonstrar o cuidado e zelo das mulheres com o lar, mas pouco a pouco foi se tornando fonte de renda, o que impactou na forma de produzir. O bordado, antes feito à mão, passou a ser feito com máquinas de costura, na década de 1940.
Disponível em: https://www.mundolusiada.com.br. Acesso em: 13 maio 2020 (adaptado) VOT2020.
A arte desenvolvida pelas bordadeiras é ainda bem visível no Nordeste brasileiro, sendo um patrimônio cultural de muitas cidades, a exemplo de Sant’Ana de Caicó no Rio Grande do Norte. No entanto, a tradicional arte vem sofrendo alterações pois
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- Língua Portuguesa | 1.2 Percepção das Ideias do Texto
Seus primeiros anos de detento foram difíceis; aos poucos entendeu como o sistema funciona. Apanhou dezenas de vezes, teve o crânio esmagado, o maxilar deslocado, braços e pernas quebrados; por fim, um dia ficou lesionado da perna quando foi jogado da laje de um pavilhão. Nem todas as vezes ele soube por que apanhou, muito menos da última, quando foi deixado para morrer, mas sobreviveu. Seu corpo, moído no inferno, aguarda o fim dos seus dias. Já não questiona mais. Obedece. Cumpre as ordens. Baixa a cabeça e se retira. Apanha, às vezes com motivo, às vezes sem. Por onde passou, derramaram seu sangue. Seu rastro pode ser seguido. Intriga ter sobrevivido durante tantos anos. Pouquíssimos chegaram à terceira idade encarcerados.
MAIA, A. P. Assim na terra como embaixo da terra. Rio de Janeiro: Record, 2017.
A narrativa concentra sua força expressiva no manejo de recursos formais e numa representação ficcional que
- História | 2.3 Segundo Reinado
A extinção da escravatura foi encaminhada por etapas até o final, em 1888. (...) O que teria levado o governo a propor uma lei que, sem ter nada de revolucionário, criava problemas nas relações com sua base social de apoio? O encaminhamento da questão servil, mesmo ferindo interesses econômicos importantes, era visto como um mal menor diante do risco potencial de revoltas. Já a classe dominante via no projeto um grave risco de subversão da ordem. Se libertar os escravos por um ato de generosidade do senhor gerava reconhecimento e obediência, por outro lado, poderia gerar no escravo a ideia de um direito, o que conduziria o país à guerra entre raças.
Fausto, Boris. História do Brasil. 14ª edição, 2ª reimpressão. São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo, 2015. Texto adaptado. VOT2021
O movimento abolicionista era visto com preocupação pela elite brasileira no final do século XIX. Tal preocupação parte do pressuposto de que a
- Língua Portuguesa - Fundamental | 9.15 Fábula
Texto base: Leia a fábula a seguir para responder à questão 16. O Lobo e o Leão Depois de roubar uma ovelha, um Lobo levava-a nos dentes para o covil para a comer à vontade. Mas os seus planos foram por água abaixo quando cruzou com um Leão que, sem muita conversa, lhe tirou a ovelha. Contrariado, mas mantendo sempre uma distância segura, disse o Lobo em tom ofendido: — Não tens o direito de te apropriares daquilo que me pertence! O Leão, que já ia longe, olhou para trás, mas, como o Lobo estava distante e não valia a pena o inconveniente de persegui-lo apenas para lhe dar uma merecida lição, disse: — Que te pertence? Por acaso compraste a ovelha, ou terá sido o pastor que a ofereceu a ti? Por favor, diz-me como foi que a conseguiste? Moral: Para o injusto, a justiça só existe para si... Disponível em: <http://lerebooks.files.wordpress.com/2013/01/fabulasdeesopo.pdf>. Acesso em: 14 fev. 2014. Adaptado.
Enunciado:
O texto, por ser uma fábula, tem como finalidade representar, por meio das personagens,
- História | 2.3 Segundo Reinado
Senhores, é tempo de cuidar, exclusivamente - notai que digo exclusivamente - dos melhoramentos materiais do país. Não desconheço o que se me pode replicar, dir-me-eis que uma nação não se compõe só de estômago para digerir, mas de cabeça para pensar e de coração para sentir. Respondo-vos que tudo isso não valerá nada ou pouco, se ela não tiver pernas para caminhar. O Brasil é uma criança que engatinha; só começará a andar quando tiver cortado de estradas de ferro.
ASSIS, M. de. Evolução. In: Os melhores contos. São Paulo: Global, 1997 (adaptado). VOT2021.
Publicado no início do século XX, o conto incorpora o discurso evolucionista. A comparação sugere um processo de crescimento no qual a nação é tomada como metáfora do corpo humano. O texto tem uma relação direta com o
- Literatura | 5.1 Pré-Modernismo
Recordações do escrivão Isaías Caminha
Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa espécie de animal. O que observei neles, no tempo em que estive na redação do O Globo, foi o bastante para não os amar, nem os imitar. São em geral de uma lastimável limitação de ideias, cheios de fórmulas, de receitas, só capazes de colher fatos detalhados e impotentes para generalizar, curvados aos fortes e às ideias vencedoras, e [5] antigas, adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guiados por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo critério de beleza. Se me esforço por fazê-lo literário é para que ele possa ser lido, pois quero falar das minhas dores e dos meus sofrimentos ao espírito geral e no seu interesse, com a linguagem acessível a ele. É esse o meu propósito, o meu único propósito. Não nego que para isso tenha procurado modelos e normas. Procurei-os, confesso; e, agora mesmo, ao alcance [10] das mãos, tenho os autores que mais amo. (...) Confesso que os leio, que os estudo, que procuro descobrir nos grandes romancistas o segredo de fazer. Mas não é a ambição literária que me move ao procurar esse dom misterioso para animar e fazer viver estas pálidas Recordações.
Com elas, queria modificar a opinião dos meus concidadãos, obrigá-los a pensar de outro modo, a não se encherem de hostilidade e má vontade quando encontrarem na vida um rapaz como [15] eu e com os desejos que tinha há dez anos passados. Tento mostrar que são legítimos e, se não merecedores de apoio, pelo menos dignos de indiferença.
Entretanto, quantas dores, quantas angústias! Vivo aqui só, isto é, sem relações intelectuais de qualquer ordem. Cercam-me dois ou três bacharéis idiotas e um médico mezinheiro, repletos de orgulho de suas cartas que sabe Deus como tiraram. (...) Entretanto, se eu amanhã lhes fosse [20] falar neste livro - que espanto! que sarcasmo! que crítica desanimadora não fariam. Depois que se foi o doutor Graciliano, excepcionalmente simples e esquecido de sua carta apergaminhada, nada digo das minhas leituras, não falo das minhas lucubrações intelectuais a ninguém, e minha mulher, quando me demoro escrevendo pela noite afora, grita-me do quarto:
- Vem dormir, Isaías! Deixa esse relatório para amanhã!
[25] De forma que não tenho por onde aferir se as minhas Recordações preenchem o fim a que as destino; se a minha inabilidade literária está prejudicando completamente o seu pensamento.
Que tortura! E não é só isso: envergonho-me por esta ou aquela passagem em que me acho, em que me dispo em frente de desconhecidos, como uma mulher pública... Sofro assim de tantos modos, por causa desta obra, que julgo que esse mal-estar, com que às vezes acordo, vem dela, [30] unicamente dela. Quero abandoná-la; mas não posso absolutamente. De manhã, ao almoço, na coletoria, na botica, jantando, banhando-me, só penso nela. À noite, quando todos em casa se vão recolhendo, insensivelmente aproximo-me da mesa e escrevo furiosamente.
Estou no sexto capítulo e ainda não me preocupei em fazê-la pública, anunciar e arranjar um bom recebimento dos detentores da opinião nacional. Que ela tenha a sorte que merecer, mas que possa também, [35] amanhã ou daqui a séculos, despertar um escritor mais hábil que a refaça e que diga o que não pude nem soube dizer.
(...) Imagino como um escritor hábil não saberia dizer o que eu senti lá dentro. Eu que sofri e pensei não o sei narrar. Já por duas vezes, tentei escrever; mas, relendo a página, achei-a incolor, comum, e, sobretudo, pouco expressiva do que eu de fato tinha sentido.
LIMA BARRETO Recordações do escrivão Isaías Caminha. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2010
Na descrição de sua situação e de seus sentimentos, o narrador utiliza diversos recursos coesivos, dentre eles o da adição.
O fragmento do texto que exemplifica o recurso da adição está em: