Explicaê

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Senhor, não mereço isto.

Não creio em vós para vos amar.

Trouxestes-me a São Francisco

e me fazeis vosso escravo.


Não entrarei, senhor, no templo,

seu frontispício me basta.

Vossas flores e querubins

são matéria de muito amar.


Daí-me, senhor, a só beleza

destes ornatos. E não a alma.

Pressente-se dor de homem,

paralela à das cinco chagas.


Mas entro e, senhor, me perco

na rósea nave triunfal.

Por que tanto baixar o céu?

por que esta nova cilada?

 

Senhor, os púlpitos mudos

entretanto me sorriem.

Mais que vossa igreja, esta

sabe a voz de me embalar.


Perdão, senhor, por não amar-vos.

Carlos Drummond de Andrade

*O texto faz parte do conjunto de poemas “Estampas de Vila Rica”, que integra a edição crítica de Claro enigma. São Paulo: Cosac Naify, 2012.

(FUVEST 2017 1° FASE) Um aspecto do poema em que se manifesta a persistência de um valor afirmado também no Modernismo da década de 1920 é o

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