Cobria-lhe a fronte larga um chapéu desabado de baeta preta

Cobria-lhe a fronte larga um chapéu desabado de baeta preta. O rosto comprido, o nariz adunco, os olhos vivos e cintilantes davam à sua fisionomia a expressão brusca e alerta das aves de altanaria. Essa alma devia ter o arrojo e a velocidade do voo do gavião. Pelo traje se reconhecia o gaúcho. O ponche de pano azul forrado de pelúcia escarlate caía-lhe dos ombros. A aba revirada sobre a espádua direita mostrava a cinta onde se cruzavam a longa faca de ponta e o amolador em forma de lima. [...]

^{ALENCAR, José de. O gaúcho. Porto Alegre: L&PM, 1999.}

Na cena, destaca-se o descritivismo quanto à caracterização do gaúcho. A ênfase dada à descrição da personagem se explica por uma das qualidades centrais da prosa romântica, que diz respeito à preocupação em

traçar um retrato ideal e positivo das particularidades regionais de ordem cultural e humana.

representar um herói nacional vinculado às ideias do bom selvagem, de Rousseau.

exaltar o sentimento regionalista por meio de uma crítica velada ao nacionalismo da época.

denunciar a precariedade do modo de vida gaúcho, que é representado com rusticidade.

construir uma representação equilibrada das virtudes e dos defeitos do gaúcho.

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