(UFSM) Irarrazabal chama-se a rua por onde caminhávamos em setembro. Foi ali, pela primeira vez, que vimos passar um caminhão cheio de cadáveres. Era uma tarde de setembro de 1973, em Santiago do Chile, a apenas alguns minutos antes do toque de recolher. Caminhávamos rumo à Embaixada da Argentina e nossas chances eram estas: ou saltávamos para dentro dos jardins da Embaixada e ganhávamos asilo político, ou ficávamos na rua, em pleno toque de recolher. Se ficássemos na rua, certamente seríamos presos e teríamos, pelo menos, algumas noites de tortura.
Fonte: GABEIRA, Fernando. O que é isso, companheiro? SP: Cia. das Letras, 2009. p. 10-11. (adaptado)
O texto acima refere-se
I. à situação dos militantes de esquerda nos países do Cone Sul, nos anos 1960 e 70: a prisão, a tortura e a morte realizadas pelos órgãos de segurança dos regimes militares.
II. ao modo como os golpes militares se processavam, com eliminação física da oposição política e militar, muitas vezes com uso sistemático da tortura.
III. ao contexto político que acompanhou a derrota dos governos nacional-desenvolvimentistas ou socialistas e à implantação de um modelo que privilegiava a internacionalização econômica.
IV. à dura reação do bloco conservador latino-americano frente ao avanços das organizações de esquerda que pleiteavam a reforma socioeconômica ou, algumas vezes, o socialismo.
Está(ão) correta(s)