Explicaê

01

(IFSUL)

Texto 1 

O preço de ser de verdade

Fernanda Pinho

Acabei de ler um livro que me marcou bastante. Chama-se “A Extraordinária Garota Chamada Estrela”, do autor Jerry Spinelli. Estrela tem um rato de estimação, fica feliz quando seu time faz __________ no basquete (mas quando o outro time pontua, também), distribui cartões de aniversários para desconhecidos, usa as roupas de que gosta (e isso pode ser um vestido que esteve na moda duzentos anos atrás), tenta trazer um pouco de alegria tirando canções de seu ukulele que leva sempre a tiracolo. Num primeiro momento, junto com o impacto de sua chegada à escola nova, Estrela desperta simpatias. Afinal, este livro nada mais é que uma delicada e verdadeira metáfora da vida.

E a princípio somos assim. Grandes admiradores da autenticidade. Capazes de fazer discursos inflamados defendendo a liberdade de cada um fazer o que __________, respeitar as próprias convicções, seguir o que seu coração manda, persistir nos seus sonhos, manter relações com quem se sente à vontade, construir seu próprio caminho. Lindo, maravilhoso. Se ficar só no discurso, melhor ainda.

Porque, em algum momento, Estrela vai levantar suspeitas. “Ninguém pode ser tão legal assim”. E da suspeita para a rejeição se passa num piscar de olhos. Por que ninguém pode ser “tão legal assim”? Porque ser legal demais implica ser diferente e a gente pode até admirar pessoas que fazem tudo o que “dá na telha”, desde que mantenham uma distância de segurança de nós, por favor. E, veja bem, quando eu falo de gente que faz tudo o que “dá na telha”, eu não estou me referindo a nada que possa machucar ou prejudicar o outro de alguma forma. Estou falando de atitudes inocentes, mas que, por sair da previsibilidade, são tratadas quase como se fossem atos imperdoáveis.

Gente que dança como se ninguém estivesse olhando, que ignora a uniformização das vitrines e faz a própria moda, que se recusa a fazer social em ambientes inóspitos, que fala a verdade quando questionada, que dá abraços de dez minutos, que ri na hora que tem vontade de rir, que chora na hora que tem vontade de chorar, que fala “eu te amo” quando sente que ama, que escolheu não perder tempo com quem lhe faz mal, que muda o rumo da própria vida, que ignora as etiquetas e as convenções. Sabe essa gente louca, sem noção, desvairada, sem juízo, perturbada? Então, elas não são nada disso. São apenas pessoas autênticas e verdadeiras, que se respeitam muito (e só quem se respeita muito é capaz de respeitar o outro). Elas não estão fazendo nada de __________. Nada que irá prejudicar você ou quem quer que seja. E por que te incomodam tanto? Bom, apenas __________ optaram por fazer o que tinham vontade, e não o que você, preso em seu mundo limitado e previsível, esperava.

Disponível em: http://www.cronicadodia.com.br/2014/10/o-preco-de-ser-de-verdade-fernanda-pinho.html. 

Acesso em: 7 abr. 2015.(Adaptado)

Texto 2

Como Nasrudin criou a verdade

Nasrudin

(Khawajah Nasr Al-Din)

– As leis não fazem com que as pessoas fiquem melhores – disse Nasrudin ao rei.

– Elas precisam, antes, praticar certas coisas de maneira a entrar em sintonia com a verdade interior, que se assemelha apenas levemente à verdade aparente. O rei, no entanto, decidiu que ele poderia, sim, fazer com que as pessoas observassem a verdade, que poderia fazê-las observar a autenticidade – e assim o faria. O acesso a sua cidade dava-se através de uma ponte. Sobre ela, o rei ordenou que fosse construída uma forca. Quando os portões foram abertos, na alvorada do dia seguinte, o chefe da guarda estava a postos em frente de um pelotão para testar todos os que por ali passassem. Um edital fora imediatamente publicado: "Todos serão interrogados. Aquele que falar a verdade terá seu ingresso na cidade permitido. Caso mentir, será enforcado." Nasrudin, na ponte entre alguns populares, deu um passo à frente e começou a cruzar a ponte.

– Aonde o senhor pensa que vai? – perguntou o chefe da guarda.

– Estou a caminho da forca – respondeu Nasrudin, calmamente.

– Não acredito no que está dizendo!

– Muito bem, se eu estiver mentindo, pode me enforcar.

– Mas se o enforcarmos por mentir, faremos com que aquilo que disse seja verdade!

– Isso mesmo – respondeu Nasrudin, sentindo-se vitorioso. – Agora vocês já sabem o que é a verdade: é apenas a sua verdade.

Disponível em: https://metaforas.com.br/2016-06-25/como-nasrudin-criou-a-verdade.htm. 

Acesso em: 14 abr.2015. (Adaptado)

Nos textos 1 e 2, aparecem várias palavras acentuadas graficamente.

Em que alternativa as palavras seguem a regra de acentuação das oxítonas?

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