Viver durante mais de oitenta anos no século XX foi uma lição natural a respeito da mutabilidade do poder político, dos impérios e das instituições. Presenciei o desaparecimento total dos impérios coloniais europeus, inclusive o do maior de todos. Vi grandes potências mundiais relegadas às divisões inferiores, vi o fim de um império que pretendia durar mil anos e o de uma potência revolucionária que esperava durar para sempre. Provavelmente não verei o fim do “século americano”, mas creio ser possível apostar que alguns leitores o verão.
Eric Hobsbawm. Tempos interessantes. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 450 (com adaptações).
Considerando o texto autobiográfico acima, escrito por um dos mais respeitados historiadores da contemporaneidade, julgue o item seguinte.
O desaparecimento dos impérios coloniais europeus, inclusive o britânico, resulta das transformações suscitadas pela Segunda Guerra Mundial, entre as quais se destacaram a perda de poder da Europa e a emergência afro-asiática.
Questões relacionadas
- História - Fundamental | 05.3. Registros da história: a nossa cultura
Leia a Constituição de 1891 e a de 1988, e responda
Escreva um aspecto da Constituição Republicana de 1891, que comprova que essa Constituição ainda não garantia o direito de participação a todos os cidadãos brasileiros.
- Língua Portuguesa | 1.2 Percepção das Ideias do Texto
Isto
Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.
Tudo o que sonho ou passo
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.
Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!
PESSOA, F. Poemas escolhidos. São Paulo: Globo, 1997.
Fernando Pessoa é um dos poetas mais extraordinários do século XX. Sua obsessão pelo fazer poético não encontrou limites. Pessoa viveu mais no plano criativo do que no plano concreto, e criar foi a grande finalidade de sua vida. Poeta da “Geração Orfeu”, assumiu uma atitude irreverente.
Com base no texto e na temática do poema Isto, conclui-se que o autor:
- Língua Portuguesa - Fundamental | 1.02 Variedades Linguísticas
Texto base: Observe o infográfico abaixo e responda a questão:
(Galileu, novembro de 2009, nº. 220, p. 26)
Breve história da Volkswagen Kombi Perua Conservada No final dos anos 40, na Europa, casas, estradas e cidades inteiras foram destruídas pela guerra. E com tanto tijolo, areia e cimento ser transportados, várias pessoas tentaram bolar um veículo de carga leve e versátil. Um holandês a serviço da Volkswagen chegou lá e, num rascunho em sua agenda, concebeu a Kombi, o mais longevo carro ainda em produção. No Brasil, ela é montada desde 1957. 1947 – O importador holandês Bem Pon, que trabalhava para Volkswagen alemã, rascunha o modelo da Kombi em sua agenda. 1950 – Começa a ser produzida na Alemanha, com o nome de Kombinationfahrzeug, do alemão “veículo combinado”, ou “multiuso”. 1953 – A VW se instala no Brasil, em um armazém no bairro paulistano do Ipiranga. 1957 – A fábrica da Volks, em São Bernardo do Campo (SP), ainda estava em construção, mas a Kombi já era produzida em galpões provisórios, o que faz dela o primeiro carro feito no Brasil. Foi usada na construção de Brasília. 1969 – A Kombi carregou o movimento hippie. O modo de vida nômade e em comunidade era facilitado pelo veículo, visto em praças, camping e festivais, inclusive no de Woodstock. 1975 – Um modelo adaptado para ambulância é feito para comemorar a marca dos 3 milhões de unidades produzidas no mundo. 1979 – É um problema caracterizar a Kombi, Van? Station wagon? Para os americanos é vanagon. No Brasil, monovolume. 1985 – Modelo ganha cinto de segurança de três pontos e encosto para a cabeça nos bancos dianteiros. 1997 – Seguindo tendência mundial, o carro ganha porta corrediça e surge a versão Carat, mais luxuosa, com capacidade para sete pessoas. 1998 – É lançada a primeira versão da Kombi Ecológica, protótipo que foi evoluindo e hoje se chama Solar Power. 2005 – O modelo 1.4 flex passa a ser comercializado. Já foram vendidas cerca de 90 mil unidades dele. 2006 – Vira personagem do filme Pequena Miss Sunshine. Em uma Kombi, família viaja do Novo México à Califórnia. 2007 – Em seu cinqüentenário no Brasil, a Kombi atinge a marca de 1.383.557 unidades produzidas e de 1.290.502 vendidas. 2009 – Às vésperas de celebrar 60 anos, segue em produção ― só no Brasil ― e é imbatível quando o assunto é “a tonelada transportada mais barata do mercado”.
Enunciado:
O autor do infográfico inicia o texto com o seguinte título – Perua conservada. A palavra “perua” pode apresentar, dependo do contexto, vários significados. Analise as alternativas a seguir e assinale a que melhor indica o sentido do vocábulo “perua” no infográfico Breve história da volkswagen Kombi.
- Língua Portuguesa | 1.1 Tipologia e Gênero Textual
TEXTO II
O texto II desta prova foi extraído do segundo capítulo da novela A indesejada aposentadoria, do escritor maranhense Josué Montello (*1917 — †2006). Contemporâneo dos escritores que fizeram o romance de 30, Montello enveredou por outro caminho: explorou a narrativa urbana. Escreveu uma das obras-primas da literatura brasileira: Os tambores de São Luís (1975). A novela A indesejada aposentadoria, de 1972, conta a história de Guihermino Pereira, um funcionário público, já nas vésperas de se aposentar.
Guilhermino pertencia a uma casta de
burocratas que já desapareceu de nossas
[55] repartições públicas. De sua espécie talvez
tenha sido o derradeiro exemplar conhecido,
tanto no trajo quanto nos modos e na figura.
Nos últimos tempos de sua existência
medíocre, já era um anacronismo. Por isso
[60] mesmo está ele a reclamar papel e tinta,
únicos instrumentos possíveis de sua
merecida sobrevivência. Não propriamente
para servir de paradigma, acentue-se logo —
mas para ilustrar e exprimir com o seu modelo
[65] uma casta que o tempo consumiu.
Era magro, alto, rosto comprido, com um
pouco de poste e outro tanto de Dom Quixote.
Deste só tinha a figura, não a índole
romântica: era mesmo o oposto do
[70] personagem de Cervantes, na sua conformada
aceitação da vida. Tinha as orelhas um pouco
saltadas do crânio, o pomo-de-adão saliente,
e era calvo, de uma calvície bem composta,
que lhe adoçava a fisionomia subalterna.
[75] Ao chegar à repartição no seu lento passo
de cegonha, sempre de guarda-chuva
pendente do braço, trocava o paletó de
casemira azul por outro de alpaca preta e
instalava-se na sua cadeira rotativa. Sentado,
[80] sua longa espinha dorsal vergava, numa curva
de caniço puxado pelo peixe, que no seu caso
eram a caneta e a pena. Quando se erguia,
parecia desembainhar a espinha, crescendo de
tamanho.
[85] Guilhermino ali sentava às onze horas, ou
pouco antes e às cinco e trinta se levantava
para ir embora. Conservador por natureza,
teve ele a boa fortuna de servir sempre na
mesma repartição, no mesmo prédio e na
[90] mesma sala, desde que entrou no serviço
público. Ao ser empossado, deram-lhe aquela
mesa. Não queria outra.
A repartição, com a sua sala, os seus
móveis e os seus funcionários, constituía o
[95] mundo ideal de Guilhermino. Somente ali,
experimentava a sensação ambiental de
plenitude que há de gozar o peixe na água e o
pássaro nos ares.
Entretanto, malgrado a euforia que o
[100] deixava mais a gosto na repartição do que na
porta-e-janela de seu modesto lar suburbano,
Guilhermino nunca deixava de abandonar a
mesa de trabalho à hora fixada no Regimento
para o fim do expediente.
[105] — A lei é a lei — dizia.
Não há exagero em afirmar-se que a sua
casa de subúrbio, adornada de cortinas de
renda, com um vaso de tinhorão à entrada,
era, para ele, o lugar onde aguardava que a
[110] repartição voltasse a abrir: de pijama, os pés
nos chinelos de trança, lendo o seu jornal ou
conversando com os vizinhos, estava ali de
passagem.
Para sermos exatos, era na repartição, à
[115] sua mesa de trabalho, que Guilhermino
Pereira se sentia realmente em casa.
Josué Montello. A indesejada aposentadoria. Capítulo II, p. 11-14. Texto adaptado.
Assinale a alternativa em que aparecem traços do tradicionalismo e/ou da índole burocrática de Guilhermino.
- História - Fundamental | 02. A vida familiar
GUILHERME AUGUSTO ARAÚJO FERNANDES
Era uma vez um menino chamado Guilherme Augusto Araújo Fernandes. Sua casa era ao lado de um asilo de idosos e ele conhecia todo mundo que vivia lá.
Ele gostava de todas as pessoas, mas a pessoa que ele mais gostava era a senhora Antônia Maria Diniz Cordeiro. Ele a chamava de Dona Antônia e contava-lhe todos os seus segredos.
Um dia, Guilherme Augusto escutou sua mãe e seu pai conversando sobre dona Antônia. Coitada da dona Antônia! Ela perdeu a memória. — disse sua mãe.
— O que é memória? —perguntou Guilherme Augusto.
— É algo de que você se lembre — respondeu o pai.
Mas Guilherme Augusto queria saber mais. Então, ele procurou a senhora Silvana e perguntou:
— O que é memória?
— Algo quente, meu filho, algo quente.
Depois perguntou ao senhor Cervantes e ele respondeu:
— Algo bem antigo, meu amigo!
O senhor Valdemar disse que memória era algo que fazia chorar e a senhora Mandala disse que era algo que fazia rir e que valia ouro.
Então Guilherme Augusto voltou para casa, para procurar memórias para Dona Antônia, já que ela havia perdido as suas.
Ele procurou uma antiga caixa de sapatos cheia de conchas, guardadas há muito tempo, e colocou-as com cuidado numa cesta.
Ele achou a marionete, que sempre fizera todo mundo rir, e colocou-a ao lado das conchas. Ele lembrou-se, com tristeza, da medalha que seu avô lhe tinha dado e colocou-a na cesta também. Depois achou sua bola de futebol, que para ele valia ouro. Por fim, entrou no galinheiro e pegou um ovo fresquinho, ainda quente, debaixo da galinha.
Guilherme Augusto foi visitar Dona Antônia e deu a ela cada objeto que colocou na cesta.
E então ela começou a se lembrar. Ela segurou o ovo ainda quente e contou a Guilherme Augusto sobre um ovinho azul, todo pintado, que havia encontrado uma vez, dentro de um ninho, no jardim da sua casa.
Ela encostou uma das conchas em seu ouvido e lembrou-se da vez que tinha ido à praia de bonde. Ela pegou a medalha e se lembrou, com tristeza, de seu irmão mais velho, que havia ido para guerra. Ela sorriu para a marionete e se lembrou da vez em que mostrara uma para sua irmãzinha, que rira muito, com a boca cheia de mingau.
Ela jogou a bola de futebol para Guilherme Augusto e se lembrou do dia em que se conheceram e de todos os segredos que haviam compartilhado.
E os dois sorriram e sorriram, pois toda a memória perdida de dona Antônia tinha sido encontrada, por um menino que era muito seu amigo.
Fonte: FOX, Mem. Guilherme Augusto Araújo Fernandes. São Paulo: Brinque-Book, 1984.
Vocabulário:
Marionete: boneco de madeira ou papelão manipulado por uma pessoa através de fios.
Uma fonte histórica usada por Guilherme para ajudar dona Antônia a relembrar suas memórias é