Texto base: Read the following article to answer question.   Adele Records the Theme for the New James Bond Film 

Enunciado:

O flagrante tem como principal característica o registro espontâneo de uma cena ao acaso ao mesmo tempo em que, o que em meu estudo denomino de pseudo-flagrante, se assemelha esteticamente a um flagrante, mas é obtido pela encenação de um fato.

O flagrante entra em cena junto com a questão da instantaneidade na fotografia. Desde os primórdios da técnica fotográfica,

“Da mesma maneira que os fotógrafos tratavam constantemente de aperfeiçoar o colorido natural, também

esperavam chegar a resolver o problema de registrar objetos em movimento. Em meio ao entusiasmo que

produziu o surgimento da primeira câmara fotográfica, as aspirações dos novos fotógrafos iam muito além de suas possibilidades(...)8”

Captar um objeto em movimento torna-se possível por volta de 1860, quando a câmera fotográfica pode “fixar objetos em movimento em posturas que pareciam inconcebíveis, congelando-os em atitudes completamente alheias a experiência visual habitual(...)9”, embora antes disso, cenas de rua registradas com a câmara estereoscópia buscavam “deter a ação”10.

A real viabilidade de congelar uma ação e, portanto, flagrar de fato uma cena, chegaria com os modelos portáteis, dotados de alta velocidade, do século XX como a Leica, que foi lançada no mercado em 1924.

A Leica caracterizada pela leveza, objetiva de boa luminosidade, portabilidade, clique silencioso, versatilidade e principalmente discrição, possibilitava que fotógrafo fizesse a fotografia sem ser percebido pelo fotografado.

A possibilidade de registrar um fato em movimento agregaria à fotografia uma nova tradição diametralmente oposta à da pose11.

Nas palavras da pesquisadora Maria Inez Turazzi

“A pose é o próprio símbolo da fotografia no século XIX, atravessando toda a sua história como elo de ligação entre as imagens obtidas, os recursos tecnológicos existentes e os agentes sociais envolvidos. (...) Ao longo da segunda metade do século XIX, pode-se mesmo traçar um percurso na história da fotografia que vai da pose ao instantâneo, da imobilidade ao movimento12”.

Sob esse aspecto, o flagrante irá constituir-se em um código fotográfico cujas bases diferem do código da pose: enquanto a pose leva em conta a imobilidade e a artificialidade, o flagrante valoriza o movimento e a espontaneidade.

A utilização, difusão e valorização do flagrante terá impulso com seu emprego pelo fotojornalismo, cujo desenvolvimento será observado a partir da Guerra da Secessão, que ocorreu entre 1861 e 1865, nos Estados Unidos. Um dos principais pontos que contribuiu para essa evolução durante a Guerra, foi a idéia “de que era preciso estar perto do acontecimento quando este tivesse lugar13”. Este fato influenciaria anos depois fotojornalistas como Robert Capa e se instalaria a noção de que “as fotos de batalhas obtêm-se ainda com o fumo e o odor a sangue a pairar pelo campo14”.

Também foi importante a percepção “de que a velocidade entre o momento de obtenção da foto e o da sua reprodução era fundamental numa esfera de concorrência (..)”15, tornando rotina o recurso do comboio para transportar as fotografias até as redações dos jornais.