Leia o texto a seguir.
Quando a Vó me recebeu nas férias, ela me apresentou aos amigos: Este é meu neto. Ele foi estudar no Rio e voltou de ateu. Ela disse que eu voltei de ateu. Aquela preposição deslocada me fantasiou de ateu. Como quem dissesse no carnaval: aquele menino está fantasiado de palhaço. Minha vó entendia de regências verbais. Ela falava de sério. Mas todo mundo riu. Porque aquela preposição deslocada podia fazer de uma informação uma piada. E fez. E mais: eu acho que buscar a beleza nas palavras é uma solenidade de amor. Comecei a não gostar de palavra engavetada. Aquela que não pode mudar de lugar. Aprendi a gostar mais das palavras pelo que elas entoam do que pelo que elas informam.
BARROS, M. Memórias inventadas – A infância. São Paulo: Planeta, 2003.
No contexto em que foi empregada a expressão “voltou de ateu” significa que o narrador apresentou um comportamento específico. Esse comportamento deve ser caracterizado como