51. Meu pai acreditava que todos os anos se devia fazer uma cura de banhos de mar. E nunca fui tão feliz quanto naquelas temporadas de banhos em Olinda.
Meu pai também acreditava que o banho de mar salutar era o tomado antes do sol nascer. Como explicar o que eu sentia de presente inaudito em sair de casa de madrugada e pegar o bonde vazio que nos levaria para Olinda, ainda na escuridão?
De noite eu ia dormir, mas o coração se mantinha acordado, em expectativa.E de puro alvoroço, eu acordava às quatro e pouco da madrugada e despertava o resto da família. Vestíamos depressa e saíamos em jejum. Porque meu pai acreditava que assim devia ser: em jejum. [...]
O mar de Olinda era muito perigoso. Davam-se alguns passos em fundo raso e de repente caía-se num fundo de dois metros, calculo. [...]
LISPECTOR, C. In: A descoberta do mundo. Nova Fronteira: Rio de Janeiro, 1984, p. 249-51.
Assinale a alternativa que explicita a narração do texto em 1.ª pessoa.
Questões relacionadas
- Língua Portuguesa | A. Acentuação
(IFSC) Assalto
Na feira, a gorda senhora protestou a altos brados contra o preço do chuchu:
— Isto é um assalto!
Houve um rebuliço. Os que estavam perto fugiram. Alguém, correndo, foi chamar o guarda. Um minuto depois, a rua inteira, atravancada, mas provida de admirável serviço de comunicação espontânea, sabia que se estava perpetrando um assalto ao banco. Mas que banco? Havia banco naquela rua? Evidente que sim, pois do contrário como poderia ser assaltado?
— Um assalto! Um assalto! - a senhora continuava a exclamar, e quem não tinha escutado escutou, multiplicando a notícia. Aquela voz subindo do mar de barracas e legumes era como a própria sirene policial, documentando, por seu uivo, a ocorrência grave, que fatalmente se estaria consumando ali, na claridade do dia, sem que ninguém pudesse evitá-la.
Moleques de carrinho corriam em todas as direções, atropelando-se uns aos outros. Queriam salvar as mercadorias que transportavam. Não era o instinto de propriedade que os impelia. Sentiam-se responsáveis pelo transporte. E no atropelo da fuga, pacotes rasgavam-se, melancias rolavam, tomates esborrachavam-se no asfalto. Se a fruta cai no chão, já não é de ninguém; é de qualquer um, inclusive do transportador. Em ocasiões de assalto, quem é que vai reclamar uma penca de bananas meio amassadas?
— Olha o assalto! Tem um assalto ali adiante!
O ônibus na rua transversal parou para assuntar. Passageiros ergueram-se, puseram o nariz para fora. Não se via nada. O motorista desceu, desceu o trocador, um passageiro advertiu:
— No que você vai a fim de ver o assalto, eles assaltam sua caixa.
Ele nem escutou. Então os passageiros também acharam de bom alvitre abandonar o veículo, na ânsia de saber, que vem movendo o homem, desde a idade da pedra até a idade do módulo lunar.
Outros ônibus pararam, a rua entupiu.
— Melhor. Todas as ruas estão bloqueadas. Assim eles não podem dar no pé.
— É uma mulher que chefia o bando!
— Já sei. A tal dondoca loura.
— A loura assalta em São Paulo. Aqui é a morena.
— Uma gorda. Está de metralhadora. Eu vi.
— Minha Nossa Senhora, o mundo tá virado!
— Vai ver que está é caçando marido.
— Não brinca numa hora dessas. Olha aí sangue escorrendo!
— Sangue nada, tomate.
Na confusão, circularam notícias diversas. O assalto fora a uma joalheria, as vitrinas tinham sido esmigalhadas a bala. E havia joias pelo chão, braceletes, relógios. O que os bandidos não levaram, na pressa, era agora objeto de saque popular. Morreram no mínimo duas pessoas, e três estavam gravemente feridas.
Barracas derrubadas assinalavam o ímpeto da convulsão coletiva. Era preciso abrir caminho a todo custo. No rumo do assalto, para ver, e no rumo contrário, para escapar. Os grupos divergentes chocavam-se, e às vezes trocavam de direção: quem fugia dava marcha à ré, quem queria espiar era arrastado pela massa oposta. Os edifícios de apartamentos tinham fechado suas portas, logo que o primeiro foi invadido por pessoas que pretendiam, ao mesmo tempo, salvar o pelo e contemplar lá de cima. Janelas e balcões apinhados de moradores, que gritavam:
— Pega! Pega! Correu pra lá!
— Olha ela ali!
— Eles entraram na kombi ali adiante!
— É um mascarado! Não, são dois mascarados!
Ouviu-se nitidamente o pipocar de uma metralhadora, a pequena distância. Foi um deitar-no-chão geral, e como não havia espaço, uns caíam por cima de outros. Cessou o ruído. Voltou. Que assalto era esse, dilatado no tempo, repetido, confuso?
— Olha o diabo daquele escurinho tocando matraca! E a gente com dor de barriga, pensando que era metralhadora!
Caíram em cima do garoto, que soverteu na multidão. A senhora gorda apareceu, muito vermelha, protestando sempre:
— É um assalto! Chuchu por aquele preço é um verdadeiro assalto!
Fonte: ANDRADE, Carlos Drummond. Assalto. In: Para gostar de ler. Vol. 3. Ed. Ática, 1979. p. 12-14. [Adaptado]
Em relação à acentuação gráfica, leia e analise as seguintes afirmações:
I. As palavras notícias, relógio, ânsia e contrário são acentuadas por serem paroxítonas e terminarem em ditongo.
II. Os vocábulos pé, lá e já recebem acento tônico por serem monossílabos tônicos.
III. As palavras veículo, módulo, ímpeto e ônibus recebem acento gráfico por serem proparoxítonas.
Assinale a alternativa CORRETA:
- Biologia | 10.3 Moluscos e Anelídeos
(FGV) O mexilhão dourado, Limnoperna fortunei, é um bivalve originário da Ásia. A espécie chegou à América do Sul provavelmente de modo acidental na água de lastro de navios cargueiros. Durante a fase larval, o bivalente é levado pela água até que termina por se alojar em superfícies sólidas, onde se fixa e crescer formando grandes colônias. Podemos citar como prejuízos causados pelo mexilhão dourado: a destruição da vegetação aquática; a ocupação do espaço e a disputa por alimento com os moluscos nativos; o entupimento de canos e dutos de água para irrigação e geração de energia elétrica, dentre outros.
http://www.ibama.gov.br. (Adaptado)
É correto afirmar que o mexilhão dourado
- Química | 3.2 Hidrocarbonetos
(UESB) O petróleo é encontrado, normalmente, no interior de rochas porosas denominadas arenito, localizadas em camadas geológicas sedimentares, situadas na maior parte das vezes abaixo do leito do mar. A teoria mais aceita sobre a origem do petróleo afirma que se trata de um produto da decomposição lenta de pequenos seres marinhos — em geral animais e vegetais unicelulares —, soterrados há pelo menos 10 milhões de anos, que sofreram nesse período a ação de bactérias, de calor e de pressão.
Considerando-se as informações do texto e as características dos componentes do petróleo, é correto afirmar:
- História - Fundamental | 01. A Primeira República no Brasil
O BRASIL DEPOIS DA CONSTITUINTE DE 1988
14. Leia o texto do economista Luiz Carlos Bresser Pereira sobre a situação econômica do Brasil na década de 1980.
O Brasil vive hoje a maior crise econômica de sua história. Nos últimos 150 anos não temos notícias de um período de quase dez anos (a partir de 1981) no qual a renda por habitante do país permanece praticamente estagnada. E jamais o país esteve tão próximo da hiperinflação quanto se encontra atualmente. Foi essa crise um dos fatores que aceleraram a transição democrática. Agora é essa mesma crise, que o governo da Nova República não teve a capacidade de resolver, que ameaça a consolidação do regime democrático no Brasil.
PEREIRA, Luiz C. B. A crise brasileira e a hiperinflação indexada. Folha de São Paulo, Caderno Economia, p. 5, 28 dez. 1989. (Fragmento)
Não é fácil explicar os motivos da crise que se abateu sobre o Brasil na década de 1980, mas a sua dimensão e os perigos que representava à redemocratização do país são apontados pelo economista.
Diante dessa situação, entre 1986 e 1994, os governantes brasileiros
- Biologia | 9.4 Fisiologia Vegetal
(UEFS)
Com base nos dados apresentados e no conhecimento da biologia dos organismos envolvidos em experimento, é correto afirmar: