Texto base: Leia o texto seguinte. Destino de quem foi árvore ou galho é dureza... Os homens que nos utilizam e nos utilizaram, desde o começo dos tempos, cortando, serrando, aplainando, enfiando pregos, são de uma insensibilidade impressionante. Pensam que madeira não tem alma. Classificam-nos entre as coisas “inanimadas”. Os seres animados são eles. Eles e os bichos. E quando falo bichos, digo desde o leão, que é nobre e valente, o tigre, que é ligeiro e feroz, a águia, que domina os céus, até a cobra traiçoeira, covarde e venenosa, que se arrasta no chão, e mesmo a miseriazinhas insignificantes como a pulga, sugadora de sangue humano em casa onde não há limpeza e DDT, e ao cupim, que destrói a madeira, principalmente a de natureza mais frágil, como é o meu caso, que não sou carvalho nem jacarandá, sou apenas pinho. Para o nosso grande inimigo (o homem, não o cupim), nós não passamos de “coisa”. Que pode ser aproveitada de mil modos, sempre para satisfazer exclusivamente ao seu egoísmo e aos seus interesses imediatos, com uma indiferença total pelo que possamos sentir. Nunca passou pela cabeça desses monstros o que pode passar pela cabeça de uma árvore, ou pelo coração, quando um homem se aproxima de machado em punho. [...] Pior, porém, do que machado, serrote e prego, destino trágico e sem conserto, é a madeira que o bicho-homem utiliza apenas como lenha. Destino de lenha é fogo! Esquecido esse negócio de prego e maus-tratos que sofremos ao longo da vida, claro que há muita coisa bonita no destino da gente. Ser barco, deslizando à flor das águas... Ser mastro de navio... [...] LESSA. Orígenes. Memórias de um cabo de Vassoura. Rio de Janeiro: Ediouro, 1986. p.12-15. 44 ed. (Fragmento)
Enunciado:
No trecho, o personagem narrador deixa claras suas impressões e sentimentos a respeito do seu criador, o homem. Diante disso, o cabo de vassoura associa a natureza humana ao sentimento de