Explicaê

01

Materiais:

• Máquina fotográfica com função filmagem

• Data show

Desenvolvimento:

1. Separe os alunos em duplas e distribua o seguinte texto:

O videomaker Eder Santos fala de seu trabalho com a linguagem

e da democratização dos meios de produção de imagens

O videoartista mineiro Eder Santos, nascido em Belo Horizonte, em 1960, montou sua primeira produtora em 1979, quando a ideia de “fazer vídeo”, no Brasil, parecia impossível para meros mortais – leia-se, para quem não tivesse acesso aos equipamentos e salas de edição de grandes emissoras de TV. “Era tudo muito caro. Para editar um vídeo era caríssimo”, explicou durante conversa com a Revista E. Mas foi justamente da precariedade que Santos extraiu sua arte, tornando-se conhecido como um dos primeiros a incorporar na sua linguagem os distúrbios e interferências das imagens. “Foi isso justamente que eu quis mostrar nos meus primeiros trabalhos”, diz o artista. “Questionar essa história de que não era possível fazer por causa dos ‘defeitos’, dos ruídos que a falta de acesso à tecnologia acarretava.” Eder Santos passou a ficar mais conhecido quando começou a apresentar suas videoinstalações no Festival Internacional de Arte Eletrônica Sesc Videobrasil, sobretudo a partir de 1992, quando a mostra migrou para o Sesc Pompeia. “Fiz várias coisas para o Sesc, como a minha primeira grande instalação, por exemplo. Chama-se Deserto em Minha Mente.” A seguir, trechos do depoimento no qual o videomaker conta como foi seu começo em Minas Gerais, diz o que pensa sobre a chamada democratização das mídias e fala sobre a importância de mostrar, na televisão, “o Brasil por inteiro”.

Começo em Minas

Comecei com artes visuais em Minas Gerais, aqui em BH [Belo Horizonte, capital do estado], onde vivo até hoje. Montei uma produtora de vídeo, mais ou menos em 1979, com um sócio. Na época, já fazia desenho, mas a ideia era produzir filmes, cinema mesmo. Depois disso, passei para vídeo rapidamente. A produtora inicialmente se chamou 9 e, depois, em 1984, mudou para E-Vídeo. A partir daí, comecei a fazer videoinstalação para o Videobrasil [Festival Internacional de Arte Eletrônica Sesc Videobrasil], que, em 1992, mudou para o Sesc São Paulo [inicialmente passou a ser realizado na unidade Pompeia, atualmente acontece na Unidade Provisória Sesc Avenida Paulista], e daí fiz várias coisas para o Sesc, como a minha primeira grande instalação. Chama-se Deserto em Minha Mente (1992).

No início era o VHS...

Comecei a fazer vídeo na época em que surgiu o VHS [sigla para video home system, que significa sistema de vídeo caseiro]. Era uma coisa que começou a ser acessível, mas mesmo assim o equipamento era muito caro. Para editar um vídeo era caríssimo. Se você quisesse fazer uma fusão de imagens tinha que ter três máquinas, com estabilizador e mais um monte de coisas. Hoje, qualquer pessoa pode fazer um vídeo. Câmeras ainda custam caro, mas temos a facilidade das câmeras de celular, por exemplo, e isso é incrível. E foi isso, justamente isso, que eu quis mostrar nos meus primeiros trabalhos, ou seja, questionar essa história de que não era possível fazer por causa dos “defeitos”, dos ruídos que a falta de acesso à tecnologia acarretava – afinal sempre houve o padrão Globo de qualidade etc. Slow motion [câmera lenta], por exemplo, não dava para fazer porque não tinha equipamento. Mas, apesar disso, as pessoas iam trabalhando. Por isso passei a trabalhar exatamente com esse ruído, sem aquele padrão de qualidade que todo mundo esperava ver em uma imagem.

Suporte e narrativa

Eu fazia o possível para que o suporte [o equipamento usado para captar e exibir as imagens] funcionasse e trabalhasse a linguagem. Ter uma narrativa com isso. É o que se vê em vídeos como Não vou à África porque tenho plantão (1990) e Essa coisa nervosa (1991). Na verdade, o Não vou à África... foi o primeiro vídeo que fiz, meio que falsificando a imagem para parecer que tinha sido produzido em super 8 [formato de registro cinematográfico]. Mesmo o Europa em cinco minutos (1987), que já era feito em super 8 mesmo, a gente passou para vídeo.

Alta definição

Acho maravilhosa essa história de democratização das mídias, essas possibilidades de muitas coisas legais que as pessoas estão fazendo. Desde uma imagem HD [sigla para high definition, ou alta definição], que é uma coisa nova. O meu sócio, por exemplo, está fazendo um projeto no qual está filmando tudo em HD. Ele tem 25 anos e saiu para filmar com uma câmera Super Full HD [equipamento que produz imagens nesse novo padrão]. Ou seja, são coisas absurdas! O que a gente faz hoje, mesmo em termos de efeitos, ganhou um leque enorme de possibilidades. Tanto que você pode até fazer imagens menores, mas que ficam absolutamente chocantes. As pessoas veem as imagens e ficam hipnotizadas por essa coisa nova que é o HD. Às vezes, parece mais bonito do que a realidade. É como se fosse uma miragem no deserto. Você não sabe mais o que é realidade e o que é fantasia.

Brasil por inteiro

Já tentei fazer alguma coisa para TV e ainda tento. Já fiz coisas para o Marcelo Tas, fiz uma série da TV Cultura, Contos da meia-noite, e tem propostas para a gente mudar isso um pouco e fazer uma TV que consiga falar mais com todo mundo. Principalmente por conta de uma certa imposição de só mostrar coisas, imagens, de algo que não faz parte da cultura do Brasil. Quero dizer, você enxerga sempre o Rio de Janeiro na TV [refere-se às novelas da TV Globo]. Agora, por exemplo, estão mostrando a Índia, mas ainda assim é uma Índia meio “carioca”. É um negócio esquisito. Lembro-me de que quando fui fazer o Netos do Amaral [série de reportagens televisivas, em tom de sátira, apresentada por Marcelo Tas], em 1990, a novela Pantanal foi um boom na época, e que representou a carência que as pessoas têm, no Brasil inteiro, de ver outra coisa na televisão. A gente tinha que trabalhar para acabar com essa nacionalização da imagem do Rio de Janeiro.

“As pessoas veem as imagens [em alta definição] e ficam hipnotizadas (...)

Às vezes parece mais bonito do que a realidade. É como se fosse uma miragem no deserto”

 

(Disponível em: http://www.sescsp.org.br/sesc/revistas/revistas_link.cfm?edicao_id=349&Artigo_ID=5390&IDCategoria=6172&reftype=2)

 

2. Distribua as fichas de cartolina e os pincéis atômicos – um para cada aluno em cores escuras. Oriente para que cada um escreva duas palavras que tenham relação com o texto ou com o artista. Cada aluno deverá guardar sua ficha em segredo.

3. Crie uma roda. Cada aluno deverá apresentar sua ficha justificando a escolha da palavra. À medida em que a turma for revelando suas fichas proceda da seguinte maneira: se alguém tiver ficha repetida apresenta a sua logo em seguida. Simultaneamente um painel vai sendo montado na parede da sala. Organize as palavras enfileiradas umas debaixo das outras e quando forem repetidas, todas as iguais umas sobre as outras.

4. Ao final da aula proponha aos alunos a investigação de uma obra do artista para a próxima aula. Eles deverão pesquisar e imprimir a pesquisa apresentando-a ilustrada para os colegas. Peça que as imagens sejam impressas separadamente.

5. Na aula seguinte, continue a compor a parede da sala com imagens que os alunos tenham apresentado como ilustração de sua pesquisa organizando-as pelo tipo de suporte utilizado por Éder Santos. Conclua com os alunos sobre a preferência do artista.

6. Ao final, proponha que, em dupla, ou trio, os alunos realizem um pequeno filme (2 minutos) a partir da sala com os recortes e palavras, complementando como quiserem com música, falas, entrevistas, etc. Poderão ser feitas também inserções de vídeos dentro do filme.

7. Oportunize as apresentações em auditório.