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Leia o texto a seguir.
O JOVEM FRANK
Às vezes eu me pergunto
que papel
estou fazendo aqui.
Não pedi para nascer,
não escolhi o meu nome,
e tenho um corpo montado
com pedaços de avós,
fatias de pai
e amostras de mãe.
Nas reuniões de família
o esporte predileto
é dissecar Frankenstein:
“Os olhos são do Arruda...”
“Os pés lembram os Botelho...”
“Tem as mãos do velho Braga!”
“...e o nariz é dos Fonseca!”
Certamente o resultado
de um tal esquartejamento
não pode ser coisa boa,
pois tantos retalhos colados
não inteiram uma pessoa.
TELLES, C. Q. Sementes de sol. São Paulo: Moderna, 1992. p. 38. (Fragmento)
A referência a Frankenstein simboliza que o locutor do texto é um jovem