03/2004
O teatro ensina a viver
A turma perde a timidez, amplia os horizontes culturais e trabalha bem em grupo quando a arte cênica faz parte do currículo
Paulo Araújo (Paulo Araújo)
Adaptação de O Caso dos Dez Negrinhos, no Colégio São Luís, de São Paulo: montagens próprias são as
preferidas pelos estudantes.
Foto: Daniel Aratangy
Mesmo sem se dar conta, todos os dias ao entrar na sala de aula você e seus alunos tomam emprestados alguns recursos da linguagem teatral. Ao ler um conto em voz alta, os estudantes naturalmente impostam a voz e mudam a entonação marcando os diferentes personagens. Para manter a atenção da turma em suas explicações é bem provável que você imponha ao corpo uma postura mais rígida, abuse dos gestos e capriche nas expressões faciais. Mas o teatro pode ser usado também como uma ferramenta pedagógica. "Uma das grandes riquezas dessa atividade na escola é a possibilidade do aluno se colocar no lugar do outro e experimentar o mundo sem correr riscos", avalia Maria Lúcia Puppo, professora de licenciatura em Artes Cênicas da Universidade de São Paulo (USP). E são muitas as habilidades desenvolvidas com essa prática.
O contato com a linguagem teatral ajuda crianças e adolescentes a perder continuamente a timidez, a desenvolver e priorizar a noção do trabalho em grupo, a se sair bem de situações onde é exigido o improviso e a se interessar mais por textos e autores variados. "O teatro é um exercício de cidadania e um meio de ampliar o repertório cultural de qualquer estudante", argumenta Ingrid Dormien Koudela, consultora do Ministério da Educação na elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) na área.
A criatividade é o único recurso indispensável
"A escola não precisa de um espaço com poltronas confortáveis ou ricos figurinos para montar uma peça", avisa a atriz e orientadora pedagógica Beth Zalcman, da Escola Eliezer Steinbarg-Max Nordau, do Rio de Janeiro.
O professor Leandro Karnal, da Universidade de Campinas, vai no mesmo caminho que Beth. Ele lembra que ainda durante a época colonial os jesuítas já utilizavam o teatro como exercício escolar com bons resultados e sem grandes recursos. "Cabe a cada professor descobrir os recursos necessários para o trabalho que pretende desenvolver. Mas o principal é sempre a criatividade", alerta.
A linguagem lúdica, multifacetada e pouco dependente da escrita é ideal para colocar em cartaz com a garotada espetáculos sobre a cultura local ou os acontecimentos cotidianos, por exemplo. A atividade desenvolve a oralidade, os gestos, a linguagem musical e, principalmente, a corporal.
Contato com companhias profissionais é valioso
A presença efetiva da arte de representar na educação brasileira é um fenômeno recente. O ensino de Educação Artística, regulamentado em 1971, sempre priorizou as artes plásticas. Com o passar do tempo, a aproximação entre escolas e grupos teatrais e o crescimento dos cursos de graduação em Artes Cênicas pelo país contribuíram para o aumento e a valorização do teatro em sala de aula.
Você pode incluir atividades baseadas nessa linguagem em seu planejamento e ir além. Uma forma é fazer parcerias com grupos de teatro da região. O contato com atores profissionais é muito rico. Ele possibilita a discussão sobre o aproveitamento dos espaços físicos da escola e o intercâmbio de idéias e experiências.
Vale a pena também ficar atento à programação cultural da cidade. Entre em contato com companhias teatrais e veja a possibilidade de trazê-las para a escola. E, se possível, leve a turma a uma sala de espetáculos para assistir a montagens profissionais. "O hábito de ir ao teatro também deve ser desenvolvido nas aulas de Artes", conclui Ingrid.
http://revistaescola.abril.com.br/arte/pratica-pedagogica/teatro-ensina-viver-424918.shtml
Converse com a turma sobre o teatro de bonecos, pergunte sobre o que conhecem a respeito, se já assistiram a algum espetáculo. Fale sobre a importância de cada elemento que compõe o teatro de bonecos, desde a confecção dos bonecos, os tipos de bonecos, a criação dos personagens, a iluminação, o cenário.
Arrume algumas caixas de papelão bem grande e abra-as para que se transformem em teatros de bonecos, forre-as com papel craft. Distribua aos alunos revistas, cola, tesouras, retalhos de papeis diversos, barbante, espelhos, tecidos coloridos, tintas, lápis de cor, giz de cera e canetas hidrográficas. Divida a turma em grupos e entregue uma caixa para cada grupo, proponha que criem um cenário. Oriente-os para antes de começarem a execução, que conversem entre eles, sobre os materiais que forem entregues, quais eles gostariam de colocar no cenário, a proporção das figuras que irão recortar, se existem vários planos dentro desse espaço, etc.
Depois dos cenários prontos, pergunte a eles que tipo de história e de personagens ficariam adequados ao cenário. Depois dessa conversa, auxilie os alunos na construção dos personagens e na elaboração da história que irão encenar.
Marque um dia de espetáculos e convide outras turmas da escola para assistirem.