Texto base: O boi
Quando ainda no céu não se percebe a aurora,
E ainda está molhando as árvores o orvalho,
Sai pelo campo afora
O boi, para o trabalho.
Com que calma obedece!
Caminha sem parar:
E o sol, quando aparece,
Já o encontra, robusto e manso, a trabalhar.
Forte e meigo animal! Que bondade serena
Tem na doce expressão da face resignada*!
Nem se revolta, quando o lavrador*, sem pena,
Para o instigar*, lhe crava* a ponta da aguilhada*.
Cai-lhe de rijo* o sol sobre o largo cachaço*;
Zumbem moscas sobre ele, e picam-no sem dó;
Porém, indiferente às dores e ao cansaço,
Caminha o grande boi, numa nuvem de pó.
Lá vai pausadamente o grande boi marchando...
E, por ele puxado,
Larga e profundamente o solo retalhando*,
Vai o possante* arado*.
Desce a noite. O luar fulgura* sobre os campos.
Cessa* a vida rural.
Há estrelas no céu. Na terra há pirilampos*.
E o boi, para dormir, regressa ao seu curral... Olavo Bilac. Disponível em: www.unicamp.br. Acesso em: 11 mar. 2018. resignada: que se conforma ou suporta
lavrador: trabalhador do campo
instigar: estimular, provocar
cravar: penetrar
aguilhada: vara
rijo: duro, sem flexibilidade
cachaço: parte posterior do pescoço
retalhar: ferir ou abrir com objeto cortante; no caso, o boi usa um arado para abrir a sulcos na terra
possante: que tem força
arado: instrumento agrícola para lavrar a terra
fulgurar: brilhar
cessar: interromper, finalizar
pirilampo: vaga-lume
Enunciado:
No último verso o verbo “dormir” está no infinitivo. Flexionando o verbo na 3ª pessoa do plural do presente, do pretérito perfeito e do pretérito imperfeito do indicativo, obtêm-se, respectivamente, as formas: