Adereços e Cenários da Cena Teatral Alagoana
Accioly Filho
Falar de Adereços da Cena Teatral é nos determos em um tópico da Visualidade de um Espetáculo, que permeia entre a Cenografia, o Figurino e a Iluminação. O Adereço é aquilo que no palco figura o contexto através de meios pictóricos, esculturais, arquitetônicos e virtuais.
Eu encontro três linhas de Adereços Cênicos: Adereços de Cenário – objetos que fazem parte da cenografia; Adereços de Ator – os que são portados pelos personagens e Adereços de Representação – aqueles que são previamente postos cenicamente para serem utilizados pelos personagens em cena.
Segundo Patrice Pavis, o Adereço “não é um enfeite em cena, um adorno, desde que aparece em cena, põe-se a serviço de efeitos de amplificação, de simplificação, de abstração e de legibilidade”; quando está em cena, encontra-se para ser lido pelo espectador e contribuir para uma compreensão daquilo que se quer comunicar, numa relação semiótica entre conteúdo-forma-material-espaço: é aquilo que se pretende mostrar e sobre a maneira pela qual deseja que o espetáculo seja visto, lido, apreendido, aprendido. Cada Grupo e/ou espetáculo traz a sua proposta e automaticamente o seu pensamento estético, quer de forma intuitiva (uma consciência ingênua) ou arrojada, pelos caminhos já percorridos pelo Grupo. A quantidade de adereços no palco naturalista e sua constatação de inutilidade dramática haviam contribuído para o desacreditar do adereço cênico. Jean-Jacques Roubine em seu livro “A Linguagem da Encenação Teatral”, confirma que “A presença cênica de um objeto passou a ficar subordinada a uma imperiosa necessidade dramática”. Já Antonin Artaud, no livro “O Teatro e o Seu Duplo”, teve a mesma preocupação com os poderes do Adereço cênico, que deveria ter poderes mágicos, no sentido de que através de uma simples presença, o adereço deveria exercer um efeito de choque, des-realizando o adereço para atribuir-lhe umas dimensões fabulosas, mitológicas, fazendo um dos sustentáculos da animação do espaço teatral. O Adereço, na contemporaneidade, geralmente é útil, eficaz, funcional. Assim, Bablet nos confirma que o Adereço “é mais uma ferramenta do que uma imagem, um instrumento e não um ornamento”. Ele é também, um objeto cênico pertinente de signos. A escolha de um Adereço sempre procede de um compromisso e de uma tensão entre a lógica interna e as referências externas, que leva o olhar do espectador a observar o que está em cena como objeto-signo, relativo à ação, ao caráter, à situação, à atmosfera do personagem e/ou espetáculo. Pois segundo Roubine, o Adereço “enquanto elemento visual estabelece um essencial elo de significação entre o personagem e o contexto espacial em que este evolui” flexibilizando constantemente em seu significado. Os caminhos que os Adereços podem e devem trilhar são inúmeros, como o são as formas, os materiais expressivos, as cores, a textura etc. Uma proposta estética de um Grupo ao conceber os seus Elementos Visuais no espetáculo não anulará a de outro grupo, pois vivemos sobre a pluralidade do pensamento humano, do sentir, do perceber. O Grupo pode trilhar um caminho de Adereço Pós-naturalista, onde a matéria-prima é talvez mais importante que a sua cor; outro, de
Adereço Ritualístico, onde nada exibe além de pura suntuosidade; do Adereço Estilizado, com todas as variantes que possam imaginar; do Adereço Abstrato, que se vincula intimamente à mitologia; e do Não Adereço, na ausência de qualquer objeto físico. Roubine nos coloca que, “a única opção que o espectador contemporâneo recusaria, certamente, seria o da insignificância decorativa”. Para esta exposição, foram convidados em torno de trinta grupos dos mais conhecidos aos mais novos como: ATA – Associação Teatral das Alagoas , Grupo Transart, Cia. Saudáveis Subversivos , Cia. dos Sentidos, Cia. Joana Gajuru, Cia. Negra Fulo, Cia. Chapéu, Grupo Orquídeas de Fogo , Cia. de Teatro da Meia Noite , Curso de Formação de Ator , Cia. Cena 10, Grupo Magia das Artes, Grupo Guerreiros das Artes, Cia de Teatro Assimdicacos, e Grupo Artexpressão. E preferimos contemplar os seus adereços mais expressivos.
Maceió, 25 de fevereiro de 2005.
Accioly Filho
Professor de Fundamentos da Cenografia, Fundamentos da Encenação, Indumentária: História do Traje e Maquiagem e Caracterização, nos Cursos Formação de Ator e Licenciatura em Artes Cênicas-Teatro, da Universidade Federal de Alagoas.
http://www.nucleo.ufal.br/nace/frame/artigos/007.pdf
Converse com a turma sobre a importância dos adereços do teatro, que muitas vezes são símbolos bastante significativos. Proponha aos alunos que pesquisem sobre o que é o adereço no teatro, os tipos de adereços, o significado, adereços nas peças de teatro, em livros, revistas e sites. E depois abra um espaço para compartilharem as informações pesquisadas e comentarem, discutirem e apreciarem as imagens coletadas.
Divida a turma em grupos, liste algumas situações e distribua-as para os grupos, como por exemplo, uma pescaria entre amigos, uma banda musical, uma festa temática, um domingo na praia, uma escalada numa montanha, uma manifestação pública de protesto, etc. A partir do tema cada grupo deverá desenvolver os adereços que consideram necessários ao tema, por exemplo, o grupo que escolher o tema pescaria entre amigos, poderá confeccionar um barco, remos, varas de pescar, chapéus, peixes, rede, etc. para a execução dessa tarefa eles poderão arranjar elementos que possam ser adaptados para serem esses adereços, como pedaços de bambu, linha e arame para as varas, o barco e os remos poderão ser recortados em papelão e pintados com tinta guache, os chapéus podem ser feitos em dobradura de jornal, os peixes poderão ser pintados em isopor.
Depois dos adereços prontos, sugira que criem uma pequena peça de teatro utilizando esses adereços. Dê uns 15 minutos para a criação das dramatizações e depois organize as apresentações dos grupos.