Leia o depoimento da escritora Zélia Gattai, filha de imigrantes italianos.
...Sou brasileira, filha de italianos. Duas famílias que, no início do século, embarcaram na aventura de partir para um mundo distante e desconhecido. O Brasil, país jovem, imenso, rico, recém-libertado da escravidão, necessitava de novos braços para trabalhar, abria portas a quem tivesse condições... essa história ouvi dos lábios do meu avô Eugênio.
No porto de Santos, homens de fazenda onde iriam trabalhar os aguardavam e os transportaram, comprimidos como gado, num vagão de carga. Não foi preciso muito tempo para que, marido e mulher, se dessem conta de que haviam sido enganados. O sonho não passara de fantasia e as informações recebidas não correspondiam à realidade: sob a vigilância de um odioso capataz passaram a trabalhar de sol a sol, marido, mulher e três crianças mais velhas, ganhando apenas o suficiente para não morrerem de fome.
SALDANHA, Paula; WERNECK, Roberto. Raízes do povo brasileiro. Rio de Janeiro, Edições Del Prado, 1967. p.59 (fragmento).
Justifique o trecho retirado do texto: “O sonho não passara de fantasia, as informações recebidas não correspondiam à realidade.”