Saudosa Maloca – Adoniran Barbosa
Si o senhor não tá lembrado, dá licença de contar
Ali onde agora esta este adifício arlo
Era uma casa veia, um palacete assobradado
Foi aqui seu moço, que eu, Mato Grosso e o Joca
Construímos nossa maloca
Mais, um dia, nois nem pode se alembrá
Vejo os home com as ferramenta e o dono mandô derrubá
Peguemos todas nossas coisas e fumos pro meio da rua
Apreciá a demolição
Que tristeza que nois sentia, cada táuba que caia
Doía no coração
Mato Grosso quis gritá, mais em cima eu falei
Os home tá coa razão, nois arranja outro lugar
Só se conformemo quando o Joca falou
Deus dá o frio conforme o cobertô
E hoje nós pega as paia nas grama do jardim
E pra esquecer nois cantemos assim:
Saudosa maloca, maloca querida
Dim dim donde nois passemo os dias feliz da nossa sida
Na composição de Adoniran Barbosa. podemos identificar que:
I. A construção e derrubada da maloca nos remete respectivamente a um processo de territorialização e desterritorialização dos atores sociais citados na canção.
II. O espaço no capitalismo é produzido e reproduzido de forma desigual e contraditória, cuja lógica do lucro se sobrepõe à lógica do direito à cidade e à moradia.
III. O direito de propriedade tem sido constantemente violado nas grandes cidades através de atos muito bem orquestrados de invasores que, organizados, ocupam casas e terrenos em localizações privilegiadas.
IV. O processo de desterritorialização dos grupos os leva a uma posterior reterritorialização, o que fica evidente na utilização da grama do jardim pelos atores sociais.
Estão corretas apenas as proposições