01
E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:
Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão [...]
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.
MORAES, V. O operário em construção. Novos poemas II. Rio de Janeiro, São José, 1959 (fragmento).
No trecho do poema de Vinícius de Moraes, revela-se a percepção do operário sobre a