Falso moralista
Você condena o que a moçada anda fazendo
E não aceita o teatro de revista
Arte moderna pra você não vale nada
E até vedete você diz não ser artista
Você se julga um tanto bom e até perfeito
Por qualquer coisa deita logo falação
Mas eu conheço bem o seu defeito
E não vou fazer segredo agora não
Você é visto toda sexta no Joá
E não é só no Carnaval que vai pros bailes se acabar
Fim de semana você deixa a companheira
E no bar com os amigos bebe bem a noite inteira
Segunda-feira chega na repartição
Pede dispensa para ir ao oculista
E vai curar sua ressaca simplesmente
Você não passa de um falso moralista
NELSON SARGENTO. Sonho de um sambista. São Paulo: Eldorado, 1979.
As letras de samba normalmente se caracterizam por apresentarem marcas informais do uso da língua. Nessa letra de Nelson Sargento, são exemplos dessas marcas