Embora pinguins sejam aves, tubarões sejam peixes, e golfi nhos sejam mamíferos, todos apresentam uma característica em comum: corpos de formato hidrodinâmico, adaptado ao seu modo de vida aquático. O fenômeno evolutivo por meio do qual uma característica semelhante surge independentemente em duas ou mais espécies não diretamente relacionadas é denominado:
Questões relacionadas
- Língua Portuguesa - Fundamental | 4.05 Narração e Dissertação
Leia os fragmentos do conto de um autor moçambicano para responder:
O assalto
Uns desses dias fui assaltado. Foi num virar de esquina, num desses becos onde o escuro se aferrolha com chave preta. Nem decifrei o vulto: só vi, em rebrilho fugaz, a arma em sua mão. Já eu pensava fora do pensamento: eis-me! A pistola foi-me justaposta no peito, a mostrar-me que a morte é um cão que obedece antes mesmo de se lhe ter assobiado.
[…]
— Diga qualquer coisa.
— Qualquer coisa?
— Me conte quem é. Você quem é?
Medi as palavras. Quanto mais falasse e menos dissesse melhor seria. O maltrapilho estava ali para tirar os nabos e a púcara(*). Melhor receita seria o cauteloso silêncio. Temos medo do que não entendemos. Isso todos sabemos. Mas, no caso, o meu medo era pior: eu temia por entender. O serviço do terror é esse – tornar irracional aquilo que não podemos subjugar.
— Vá falando.
— Falando?
— Sim, conte lá coisas. Depois, sou eu. A seguir é a minha vez.
[…]
Fomos andando para os arredores de uma iluminação. Foi quando me apercebi que era um velho. Um mestiço, até sem má aparência. Mas era um da quarta idade, cabelo todo branco. Não parecia um pobre. […] Foi quando, cansado, perguntei:
— O que quer de mim?
— Eu quero conversar.
— Conversar?
— Sim, apenas isso, conversar. É que, agora, com esta minha idade, já ninguém me conversa.
Então, isso? Simplesmente, um palavreado? Sim, era só esse o móbil do crime. O homem recorria ao assalto de arma de fogo para roubar instantes, uma frestinha de atenção. Se ninguém lhe dava a cortesia de um reparo ele obteria esse direito nem que fosse a tiro de pistola. Não podia era perder sua última humanidade – o direito de encontrar os outros, olhos em olhos, alma revelando-se em outro rosto.
E me sentei, sem hora nem gasto. Ali no beco escuro lhe contei vida, em cores e mentiras. No fim, já quase ele adormecera em minhas histórias eu me despedi em requerimento: que, em próximo encontro, se dispensaria a pistola. De bom agrado, nos sentaríamos ambos num bom banco de jardim. Ao que o velho, pronto, ripostou:
— Não faça isso. Me deixe assaltar o senhor. Assim, me dá mais gosto.
E se converteu, assim: desde então, sou vítima de assalto, já sem sombra de medo. É assalto sem sobressalto. Me conformei, e é como quem leva a passear o cão que já faleceu. Afinal, no crime como no amor: a gente só sabe que encontra a pessoa certa depois de encontrarmos as que são certas para outros.
COUTO, Mia. In: Ficções: revista de contos. Rio de Janeiro:
Editora 7 Letras, 1999, ano II, n. 3, p. 10.
Considere as afirmações sobre o texto:
I. A frase “Diga qualquer coisa” (§ 2) pertence ao narrador.
II. A frase “mais falasse e menos dissesse” (§ 5) não constitui um paradoxo, pois os verbos falar e dizer não têm exatamente o mesmo significado nessa expressão.
III. Considerando o contexto, a expressão “tirar os nabos e a púcara” (§ 5) deve significar “roubar tudo”.
IV. A expressão “móbil do crime” (§ 14) significa “consequência do crime”.
Estão corretas
- Língua Portuguesa | D. Regência
(UFRGS) André Devinne procura cultivar a ingenuidade – uma defesa contra tudo 1o que 2não entende. 3Pressente: há alguma coisa irresolvida que 4está em parte alguma, mas os nervos sentem- Quem sabe seja uma espécie de vergonha. Quem sabe o medo enigmático dos quarenta anos. Certamente não é a angústia de se ver lavando o carro numa tarde de sábado5, um homem de sua posição. É até com delicadeza que se entrega ao sol das três da tarde, agachado, sem camisa, esfregando o pano sujo no pneu, num ritual disfarçado em que evita formular seu tranquilo desespero. Assim: ele está numa guerra, mas por acaso6; de onde está, submerso na ingenuidade, 7à qual 8se agarra sem saber, não consegue ver o inimigo. 9Talvez não haja nenhum.
10– Filha, não fique aí no sol sem camisa.
A menina recuou até a sombra. Agachou-se, olhos negros no pai.
11– Você vai pra praia hoje?
André Devinne contemplou o pneu lavado: um bom trabalho.
12– Não sei. Falou com a mãe?
– Ela está pintando.
A filha tem o mesmo olhar da mãe, 13quando Laura, da janela do ateliê, observa o mar da Barra, transformando aquela estreita faixa de azul acima da Lagoa, numa outra faixa, de outra cor, mas igualmente suave, na tela em branco. Um olhar que investiga sem ferir – que parece, de fato, ver o que está lá.
Devinne espreguiçou-se esticando as pernas14. Largou o pano imundo no balde, sentou-se e olhou o céu, o horizonte, as duas faixas de mar, o azul da Lagoa, vivendo momentaneamente o prazer de proprietário. Lembrou-se da lição de inglês – It’s a nice day, isn’t it? – e tentou de imediato, mas era tarde: o corpo inteiro se povoou de lembrança e ansiedade, exigindo explicações. Estava indo bem, a professora era uma mulher competente, agradável, independente. Talvez justo por isso, ele tenha cometido aquela estupidez. Sem pensar, voltou a cabeça e acenou para Laura, que do janelão do ateliê respondeu- com um gesto. A filha insistiu:
– Pai, você vai pra praia?
Mudar todos os assuntos.
– Julinha, o que é, o que é? Vive casando 15e está sempre solteiro?
Ela riu.
– Ah, pai. Essa é fácil. O padre!
TEZZA, C. O fantasma da infância. Rio de Janeiro: Ed. Record, 2007. p. 9-10.
Considere as seguintes afirmações sobre propostas de alteração de frases do texto.
I. Se não entende (ref. 2) fosse substituído por desconfia, seria necessário substituir o que (ref. 1) por que.
II. Se está (ref. 4) fosse substituído por ele não localiza, nenhuma outra alteração seria necessária à frase.
III. Se se agarra (ref. 8) fosse substituído por ele se protege, seria necessário substituir à qual (ref. 7) por com a qual.
Sem considerar alterações de sentido, quais afirmações mantêm a correção da frase?
- Geografia | 3.2 Estrutura da Terra e Relevo
(UECE) Em ambientes carbonáticos sujeitos à atuação da água nas fendas e diaclases das rochas, pode ocorrer a formação de feições como grutas. Quando o teto dessas estruturas desaba devido à perda de resistência, surge, na superfície do terreno, uma feição que pode ter um tamanho considerável semelhante a um funil, que é conhecida como
- Matemática | 1.7 Razão, Proporção e Regra de Três
A distância atual entre os centros da Terra e de seu satélite natural (Lua) é de 384 405 km. Essa distância aumenta 4 cm por ano. O centro de gravidade do sistema (ou baricentro), formado pelos dois corpos celestes, está a 1 737 km da superfície da Terra, e essa distância diminui gradativamente. Este centro de gravidade se localizará fora da Terra em 3 bilhões de anos e, com isso, a Lua deixará de ser nosso satélite, tornando-se um planeta.
Quantos centímetros por ano, em média, o centro de gravidade do sistema se aproximará da superfície terrestre, até que a Lua se torne um planeta?
- Língua Portuguesa | 1.06 Funções Da Linguagem
Major Anacleto relia – pela vigésima terceira vez – um telegrama do Compadre Vieira, Prefeito do Município, com transcrições de um outro telegrama, do Secretário do Interior, por sua vez inspirado nas anotações que o Presidente do Estado fizera num ante primeiro telegrama, de um Ministro conterrâneo. E a coisa viera vindo, do estilo dragocrático-mandológico-coactivo ao cabalístico-estatístico, daí para o messiânico-palimpséstico-parafrástico, depois para o cozinhativo-compradesco-recordante, e assim, de caçarola a tigela, de funil a gargalo, o fino fluido inicial se fizera caldo gordo, mui substancial e eficaz; tudo isso entre parênteses, para mostrar uma das razões por que a política é ar de fácil se respirar – mas para os de casa, os de fora nele abafam, e desistem.
Disponível: https://aceleratexto.com.br. Acesso em: 12 maio 2021.
Os processos de interação comunicativa preveem a presença ativa de múltiplos elementos da comunicação, entre os quais se destacam as funções da linguagem. Nesse fragmento, a função da linguagem predominante é