Os conflitos desocultaram e estão desocultando a agricultura familiar, que ficara embutida na grande propriedade, ou na sua periferia, ou nas áreas abandonadas ou desprezadas pela agricultura de exportação ou pela pecuária, embutida como modo de vida residual e como economia residual de um país que havia optado historicamente por um regime latifundista de propriedade.
MARTINS, J. S. Impasses sociais e políticos em relação à Reforma Agrária e à Agricultura familiar no Brasil. In: Dilemas e perspectivas para o Desenvolvimento regional no Brasil. Anais. Santiago: FAO, 2001. GVS.
A partir da crítica relatada no fragmento, uma proposta que atuaria na resolução da questão fundiária brasileira seria a (o)
Questões relacionadas
- Língua Portuguesa
É, suponho que é em mim, como um dos representantes de nós, que devo procurar por que está doendo a morte de um 1facínora. E por que é que mais me adianta contar os treze tiros que mataram 2Mineirinho do que os seus crimes. Perguntei a minha cozinheira o que pensava sobre o assunto. Vi no seu rosto a pequena convulsão de um conflito, o mal-estar de não entender o que se sente, o de precisar trair sensações contraditórias por não saber como harmonizá-las. Fatos irredutíveis, mas revolta irredutível também, a violenta compaixão da revolta. Sentir-se dividido na própria perplexidade diante de não poder esquecer que Mineirinho era perigoso e já matara demais; e no entanto nós o queríamos vivo. A cozinheira se fechou um pouco, vendo-me talvez como a justiça que se vinga. Com alguma raiva de mim, que estava mexendo na sua alma, respondeu fria: “O que eu sinto não serve para se dizer. Quem não sabe que Mineirinho era criminoso? Mas tenho certeza de que ele se salvou e já entrou no céu”. Respondi-lhe que “mais do que muita gente que não matou”.
Por quê? No entanto a primeira lei, a que protege corpo e vida insubstituíveis, é a de que não matarás. Ela é a minha maior garantia: assim não me matam, porque eu não quero morrer, e assim não me deixam matar, porque ter matado será a escuridão para mim.
Esta é a lei. Mas há alguma coisa que, se me faz ouvir o primeiro e o segundo tiro com um alívio de segurança, no terceiro me deixa alerta, no quarto desassossegada, o quinto e o sexto me cobrem de vergonha, o sétimo e o oitavo eu ouço com o coração batendo de horror, no nono e no décimo minha boca está trêmula, no décimo primeiro digo em espanto o nome de Deus, no décimo segundo chamo meu irmão. O décimo terceiro tiro me assassina — porque eu sou o outro. Porque eu quero ser o outro.
Essa justiça que vela meu sono, eu a repudio, humilhada por precisar dela. Enquanto isso durmo e falsamente me salvo. Nós, os sonsos essenciais. Para que minha casa funcione, exijo de mim como primeiro dever que eu seja sonsa, que eu não exerça a minha revolta e o meu amor, guardados. Se eu não for sonsa, minha casa estremece. Eu devo ter esquecido que embaixo da casa está o terreno, o chão onde nova casa poderia ser erguida. Enquanto isso dormimos e falsamente nos salvamos. Até que treze tiros nos acordam, e com horror digo tarde demais – vinte e oito anos depois que Mineirinho nasceu – que ao homem acuado, que a esse não nos matem. Porque sei que ele é o meu erro. E de uma vida inteira, por Deus, o que se salva às vezes é apenas o erro, e eu sei que não nos salvaremos enquanto nosso erro não nos for precioso. Meu erro é o meu espelho, onde vejo o que em silêncio eu fiz de um homem. Meu erro é o modo como vi a vida se abrir na sua carne e me espantei, e vi a matéria de vida, placenta e sangue, a lama viva. Em Mineirinho se rebentou o meu modo de viver.
(Clarice Lispector. Para não esquecer, 1999.)
1facínora: diz-se de ou indivíduo que executa um crime com crueldade ou perversidade acentuada.
2Mineirinho: apelido pelo qual era conhecido o criminoso carioca José Miranda Rosa. Acuado pela polícia, acabou crivado de balas e seu corpo foi encontrado à margem da Estrada Grajaú-Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.
“Até que treze tiros nos acordam, e com horror digo tarde demais – vinte e oito anos depois que Mineirinho nasceu – que ao homem acuado, que a esse não nos matem.” (4º parágrafo)
Os termos “a esse” e “nos” constituem, respectivamente:
- Espanhol - Fundamental | Não Possui Tópico Definido
Imagina la siguiente situación: Un(a) amigo(a) tuyo extranjero llega a Belo Horizonte y te llama por teléfono desde la “Praça Sete”, pidiéndote que le expliques cómo llegar a tu casa. Indícale el camino. Utiliza los verbos: tomar y bajar (autobús), girar, seguir en presente de indicativo.
- Física | A. Grandezas, Potência e Energia Elétrica
Baterias de lítio, utilizadas em dispositivos eletrônicos portáteis, são constituídas de células individuais com ddp de 3,6 V. É comum os fabricantes de computadores utilizarem as células individuais para a obtenção de baterias de 10,8 V ou 14,4 V. No entanto, fazem a propaganda de seus produtos fornecendo a informação do número de células da bateria e sua capacidade de carga em mAh, por exemplo, 4 400 mAh.
Disponível em: www.laptopbattery.net. Acesso em: 15 nov. 2011 (adaptado).
Dentre as baterias de 10,8 V e 14,4 V, constituídas por
- Arte | 2. Pré-História
TEXTO I
Toca do Salitre – Piauí
Disponível em: http://www.fumdham.org.br. Acesso em: 27 jul. 2010.
TEXTO II
Arte Urbana. Foto: Diego Singh
Disponível em: http://www.diaadia.pr.gov.br. Acesso em: 27 jul. 2010.
O grafite contemporâneo, considerado em alguns momentos como uma arte marginal, tem sido comparado às pinturas murais de várias épocas e às escritas pré-históricas. Observando as imagens apresentadas, é possível reconhecer elementos comuns entre os tipos de pinturas murais, tais como
- Química | 3.6 Reações Orgânicas
(UNINORTE)
Os detergentes sintéticos, que atuam na limpeza de objetos e superfícies, podem ser aniônicos, a exemplo do representado pela estrutura I, ou catiônicos, como apresentado em II, dependendo da carga do íon orgânico constituinte do detergente. Em alguns produtos comercializados, são encontrados, também, detergentes não iônicos, a exemplo do composto representado em III.
PERUZZO, Francisco Miragaia; CANTO, Eduardo Leite. Química na abordagem do cotidiano. São Paulo: Moderna, v. único, e. 3, 2007, p. 702. Adaptado.
Com base nessas informações e nas estruturas das substâncias químicas representadas, é correto afirmar: