(UNIT)
Uma série de estudos já detectou na água potável de várias cidades, sempre em doses muito pequenas, a presença de substâncias que afetam o funcionamento hormonal, conhecidas pelos especialistas como interferentes endócrinos. São contaminantes com origem em atividades humanas e que não são eliminados de maneira satisfatória pelas estações de tratamento de água. Durante o doutorado no campus de Botucatu da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a patologista Marize Solano foi além da detecção das substâncias na água. Ela analisou o efeito de amostras de água da torneira colhidas em 2010 e 2012, em Campinas, interior paulista, no desenvolvimento reprodutivo de ratas. Apesar de fracos, os efeitos apontam para uma aceleração no desenvolvimento da puberdade, principalmente no caso das amostras de 2010. Bastaram três dias consumindo a água — em que foram detectadas substâncias, como cafeína, atrazina, estrona e outras — para que os pesquisadores observassem um aumento no peso do útero e na espessura do endométrio, indicadores de resposta estrogênica. Com uma exposição mais longa, de 20 dias, as ratas apresentaram alterações hormonais, sobretudo nos níveis dos hormônios folículo-estimulante e luteinizante (EndocrineDisruptors, maio). Os efeitos verificados são ainda sutis e registrados apenas em roedoras, mas podem ser um sinal de alerta para seres humanos — sobretudo quando se leva em conta o consumo prolongado de água tratada ao longo da vida.
(BUENO, 2015)
O aumento da espessura do endométrio reflete o aumento do hormônio: