Camelôs
Abençoado seja o camelô dos brinquedos de tostão:O que vende balõezinhos de corO macaquinho que trepa no coqueiroO cachorrinho que bate com o raboOs homenzinhos que jogam boxeA perereca verde que de repente dá um pulo que engraçadoE as canetinhas-tinteiro que jamais escreverão coisa alguma.
Alegria das calçadasUns falam pelos cotovelos:—"O cavalheiro chega em casa e diz: Meu filho, vai buscar um pedaço de banana para eu acender o charuto.Naturalmente o menino pensará: Papai está malu...”
Outros, coitados, têm a língua atada.
Todos porém sabem mexer nos cordéis como o tino ingênuo de demiurgos de inutilidades.E ensinam no tumulto das ruas os mitos heroicos da meninice...E dão aos homens que passam preocupados ou tristes uma lição de infância.
Uma das diretrizes do Modernismo foi a percepção de elementos do cotidiano como matéria de inspiração poética. O poema de Manuel Bandeira exemplifica essa tendência e alcança expressividade porque