Em 1866, tendo encerrado seus estudos na Escola de Belas Artes, em Paris, Pedro Américo ofereceu a tela A Carioca ao imperador Pedro II, em reconhecimento ao seu mecenas. O nu feminino obedecia aos cânones da grande arte e pretendia ser uma alegoria feminina da nacionalidade. A tela, entretanto, foi recusada por imoral e licenciosa: mesmo não fugindo à regra oitocentista relativa à nudez na obra de arte, A Carioca não pôde, portanto, ser absorvida de imediato. A sensualidade tangível da figura feminina, próxima do orientalismo tão em voga na Europa, confrontou-se não somente com os limites morais, mas também com a orientação estética e cultural do Império. O que chocara mais: a nudez frontal ou um nu tão descolado do que se desejava como nudez nacional aceitável, por exemplo, aquela das românticas figuras indígenas? A Carioca oferecia um corpo simultaneamente ideal e obsceno: o alto — uma beleza imaterial — e o baixo — uma carnalidade excessiva. Sugeria uma mistura de estilos que, sem romper com a regra do decoro artístico, insinuava na tela algo inadequado ao repertório simbólico oficial. A exótica morena, que não é índia — nem mulata ou negra — poderia representar uma visualidade feminina brasileira e desfrutar de um lugar de destaque no imaginário da nossa “monarquia tropical”?
OLIVEIRA, C. Disponível em: http://anpuh.org.br. Acesso em: 20 maio 2015.
O texto revela que a aceitação da representação do belo na obra de arte está condicionada à
Questões relacionadas
- Literatura | 2. Produção Medieval
(MACKENZIE) TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Incidente em Antares (fragmento)
Durante alguns minutos a defunta fica a olhar em torno – para a esplanada, o céu, o muro do cemitério, a lanterna acesa caída no chão... Depois se põe de joelhos e nessa posição, lentamente, faz a volta do esquife vizinho, desatarraxando-lhe a tampa, que tenta em vão erguer, terminada a operação. Bate três vezes com o punho cerrado na tampa do caixão negro, cujo ocupante responde, após segundos, com três batidas semelhantes. D. Quitéria vê a tampa que ela desaparafusou erguer-se lentamente e por fim cair para um lado. Um homem de estatura mediana e vestido de escuro sai do seu féretro, dá alguns passos com uma rigidez de boneco de mola, olha a seu redor, inclina-se, apanha a lanterna, passeia a sua luz pelo muro do cemitério, depois pela copa dos cinamomos, projeta-a contra a esplanada e por fim foca o rosto da dama, que continua ajoelhada.
— D. Quitéria Campolargo! – exclama o desconhecido. — Que honra! Que prazer!
Érico Veríssimo
Auto da Barca do Inferno (fragmento)
ANJO
FIDALGO
ANJO
FIDALGO
ANJO
FIDALGO
ANJO
FIDALGO
ANJO
Que quereis?
Que me digais,
pois parti tão sem aviso,
se a barca do Paraíso
é esta em que navegais.
Esta é; que demandais?
Que me leixeis embarcar.
Sou fidalgo de solar,
é bem que me recolhais.
Não se embarca tirania
neste batel divinal.
Não sei porque haveis por mal
que entre a minha senhoria...
Pera vossa fantesia
mui estreita é esta barca.
Pera senhor de tal marca
nom há aqui mais cortesia?
Venha a prancha e atavio!
Levai-me desta ribeira!
Não vindes vós de maneira
pera entrar neste navio.
Essoutro vai mais vazio:
a cadeira entrará
e o rabo caberá
e todo vosso senhorio.
Ireis lá mais espaçoso,
vós e vossa senhoria,
cuidando na tirania
do pobre povo queixoso.
E porque, de generoso,
desprezastes os pequenos,
achar-vos-eis tanto menos
quanto mais fostes fumoso.
Gil Vicente
A armadilha (fragmento)
Meu nome é Mort. Ed Mort. 1Sou detetive particular. Pelo menos isso é o que está escrito numa plaqueta na minha porta. Estava sem trabalho há meses. Meu último caso tinha sido um flagrante de adultério. 2Fotografias e tudo.
3Quando não me pagaram, vendi as fotografias. Eu sou assim. Duro. Em todos os sentidos. O aluguel da minha sala – o apelido que eu dou para este cubículo que ocupo, entre uma escola de cabeleireiros e uma pastelaria em
alguma galeria de Copacabana – estava atrasado. 4Meu 38 estava empenhado. Minha gata me deixara por um delegado. A sala estava cheia de baratas. 5E o pior é que elas se reuniam num canto para rir de mim. Mort. Ed Mort. Está na plaqueta.
Luis Fernando Veríssimo
Assinale a alternativa que NÃO pode ser associada ao teatro de Gil Vicente.
- Língua Portuguesa | C. Concordância
(FMP) TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A máquina extraviada
Você sempre pergunta pelas novidades daqui deste sertão, e finalmente posso lhe contar uma importante. Fique o compadre sabendo que agora temos aqui uma máquina imponente, 2que está entusiasmando todo o mundo. 3Desde que ela chegou – não me lembro quando, não sou muito bom em lembrar datas – quase não temos falado em outra coisa; e da maneira como 18o povo aqui se apaixona até pelos assuntos mais infantis, é de admirar que ninguém tenha brigado 4por causa dela, a não ser os políticos.
9A máquina chegou uma tarde, quando as famílias estavam jantando ou acabando de jantar, e foi descarregada na frente da Prefeitura. Com os gritos dos choferes e seus ajudantes (a máquina veio em dois ou três caminhões) muita gente cancelou a sobremesa ou o café e foi ver que algazarra 5era aquela. Como geralmente acontece nessas ocasiões, os homens estavam mal-humorados e não quiseram dar explicações, esbarravam propositalmente nos curiosos, pisavam-lhes os pés e não pediam desculpa, jogavam as pontas de cordas sujas de graxa por cima deles, quem não quisesse se sujar ou se machucar que saísse do caminho.
11Descarregadas as várias partes da máquina, foram elas cobertas com encerados e os homens entraram num botequim do largo para comer e beber. Muita gente se amontoou na porta mas 13ninguém teve coragem de se aproximar dos estranhos porque um deles, percebendo essa intenção nos curiosos, de vez em quando enchia a boca de cerveja e esguichava na direção da porta. Atribuímos essa esquiva ao cansaço e à fome deles e deixamos as tentativas de aproximação para o dia seguinte; mas quando os procuramos de manhã cedo na pensão, soubemos que eles tinham montado mais ou menos a máquina durante a noite e viajado de madrugada.
A máquina ficou ao relento, 15sem que ninguém soubesse 6quem a encomendou nem para que servia. É claro que cada qual dava o seu palpite, e cada palpite era tão bom quanto outro.
As crianças, que não são de respeitar mistério, como você sabe, trataram de aproveitar a novidade. Sem pedir licença a ninguém (7e a quem iam pedir?), retiraram a lona e foram subindo em bando pela máquina acima – até hoje ainda sobem, brincam de esconder entre os cilindros e colunas, embaraçam-se nos dentes das engrenagens e fazem um berreiro dos diabos até que apareça alguém para soltá-las; não adiantam ralhos, castigos, pancadas; as crianças simplesmente se apaixonaram pela tal máquina.
Contrariando a opinião de certas pessoas que não quiseram se entusiasmar, e garantiram que em poucos dias a novidade passaria e a ferrugem tomaria conta do metal, o interesse do povo ainda não diminuiu. Ninguém passa pelo largo sem ainda parar diante da máquina, e de cada vez há um detalhe novo a notar. [...]
Ninguém sabe mesmo quem encomendou a máquina. O prefeito jura que não foi ele, e diz que consultou o arquivo e nele não encontrou nenhum documento autorizando a transação. 1Mesmo assim não quis lavar as mãos, e de certa forma encampou a compra quando designou um funcionário para zelar pela máquina. [...]
VEIGA, J. J. “A máquina extraviada”. In: MORICONI, I. Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2000. p. 229-232.
Qual sentença mantém a concordância de acordo com a norma-padrão?
- História - Fundamental | 02. A vida familiar
As crianças da reportagem divertem-se jogando bola. No mundo, muitas crianças que não têm a mesma oportunidade que as crianças da reportagem, elas trabalham quase 8 a 12 horas por dia em diversas áreas.
O que levam as crianças a trabalharem ao invés de brincarem e estudarem?
- Física | A. Grandezas, Potência e Energia Elétrica
(ACAFE) No ano de 2012, a ANEEL regulamentou (resolução 482) a utilização de micro e mini geração de energia elétrica. Esse sistema consiste na obtenção de energia elétrica empregando geradores de pequeno porte. Com isso, o próprio consumidor pode gerar a energia que usa, geralmente a partir de fontes renováveis, tais como a eólica e a solar, próximo a sua residência ou empresa. Um dos benefícios para o consumidor será sua economia, pois diminuirá os gastos com energia elétrica e se gerar energia excedente poderá injetá-la na rede de distribuição, ganhando crédito de energia.
Vamos considerar agora, dois consumidores que implantaram micro geração de energia em suas residências: uma eólica e outra solar como mostra a figura.
Com base no exposto, analise as proposições a seguir, marque com V as verdadeiras ou com F as falsas, e assinale a alternativa com a sequência correta.
( ) A geração de energia elétrica por meio das placas solares se dá por indução eletromagnética.
( ) A geração de energia elétrica por meio da micro geração causa melhoria do nível de tensão da rede no período de carga pesada.
( ) O sistema de geração de energia das duas casas funciona 24 horas por dia.
( ) O sistema de geração por placas solares é mais eficiente, pois consegue converter 100% da energia solar em energia elétrica nas tomadas da casa.
( ) Para gerar energia elétrica por meio dos ventos, a micro geradora eólica utiliza o mesmo processo que uma hidroelétrica.
- Química | 1.5 Funções Inorgânicas
(BAHIANA) A escassez de recursos hídricos é um dos problemas enfrentados em muitos lugares do mundo porque a água não é distribuída igualmente em todas as regiões, e a maior parte desse líquido está nos oceanos. A educação e a conscientização da população para o uso racional da água potável, uma melhor gestão dos recursos hídricos, investimentos no reflorestamento das margens e na recuperação de rios poluídos e a ampliação do sistema de saneamento básico são ações necessárias para a proteção e conservação de ambientes aquáticos. Considerando-se as informações do texto, as propriedades da água e das soluções aquosas e os métodos de separação dos componentes de uma mistura, é correto afirmar: