Arte suprema
Tal como Pigmalião, a minha ideia
Visto na pedra: talho-a, domo-a, bato-a;
E ante os meus olhos e a vaidade fátua
Surge, formosa e nua, Galateia.
Mais um retoque, uns golpes... e remato-a;
Digo-lhe: “Fala!”, ao ver em cada veia
Sangue rubro, que a cora e aformoseia...
E a estatua não falou, porque era estatua.
Bem haja o verso, em cuja enorme escala
Falam todas as vozes do universo,
E ao qual também arte nenhuma iguala:
Quer mesquinho e sem cor, quer amplo e terso,
Em vão não e que eu digo ao verso: “Fala!”
E ele fala-me sempre, porque e verso.
(Júlio César da Silva. Arte de amar. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1961.)
O soneto Arte suprema apresenta as características comuns da poesia parnasiana. Assinale a alternativa em que as características descritas se referem ao parnasianismo.