O PAVÃO
Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. 1Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d’água em que a luz se fragmenta como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.
Eu considerei que 2este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com um mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade.
Considerei, 3por fim, que assim é o amor, 4oh! minha amada; de tudo que suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. 5Ele me cobre de glória e me faz magnífico.Rubem Braga
Não só conectores mas também pausas, marcadas pelos sinais de pontuação, assinalam diferentes tipos de relações sintático-semânticas.
Em “Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos” (ref. 1), a pausa marcada pelo ponto final no primeiro período estabelece com o segundo período uma relação de: