Fazendo as populações abandonarem seus valores e costumes mais enraizados, a doença epidêmica interrompe atividades familiares, isola o doente, impõe o silêncio à cidade, o anonimato na morte e determina a abolição dos ritos coletivos de alegria e de tristeza.
Em 1918, devido à gripe espanhola, os brasileiros, de Norte a Sul do país, tiveram seu cotidiano modificado e assistiram ao fechamento dos locais públicos (como escolas, parques, teatros, cinemas) e à proibição das reuniões noturnas, inclusive as religiosas. Visitas foram condenadas, e beijos e abraços, desaconselhados. Até mesmo cumprimentar as pessoas com aperto de mão passou a ser ato indesejado. O aumento do número de enfermos e mortos gerou uma sensação de impotência que fez o medo crescer imensamente.
Nesse contexto, houve uma intensa divulgação de “fórmulas caseiras”, com a intenção de curar a doença ou evita-la. Utilizados tradicionalmente na sociedade brasileira para combater a gripe de todos os anos, o alho, a cebola e o limão foram fartamente usados por várias pessoas durante a pandemia de influenza espanhola. Em São Paulo, comer um dente de alho durante as refeições, carregar um patuá de alho para cheirar constantemente ou pendurar alho em volta do pescoço foram prescrições ensinadas boca a boca.
Liane Maria Bertucci. A onipresença do medo na influenza de 1918. In: Varia História, v. 25, n.º 42, p. 457-75, jul. – dez./2009 (com adaptações).
Considerando o fragmento de texto e a imagem anteriores, julgue o item.
A Revolta da Vacina ocorreu no Rio de Janeiro em 1918 e evidenciou a reação da população à vacinação obrigatória contra o vírus causador da gripe espanhola.