O morcego
Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.
[5] “Vou mandar levantar outra parede ...”
— Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre a minha rede!
Pego de um pau. Esforços faço. Chego
[10] A tocá-lo. Minh’alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!
A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!
Augusto dos Anjos. Internet: dominiopublico.gov.br.
No poema O morcego, Augusto dos Anjos retrata o morcego como uma criatura feia, que causa medo aos humanos; no entanto, o morcego é um exemplo da diversidade dos mamíferos e de sua especialização. Considerando esse poema bem como aspectos relacionados ao morcego e à evolução, julgue o item.
A estrutura óssea da asa do morcego é semelhante às do braço e da mão humanos, o que constitui uma evidência de que morcegos e seres humanos descendem de uma espécie ancestral comum.