BRASIL CRIOU PRIMEIRA LEI ANTIRRACISMO APÓS HOTEL EM SÃO PAULO NEGAR HOSPEDAGEM A DANÇARINA NEGRA AMERICANA
Involuntariamente, a turnê que a célebre dançarina e coreógrafa americana Katherine Dunham fazia pelo Brasil acabou por interferir nos rumos da história do país. Na noite de 11 de julho de 1950, em sua estreia no Theatro Municipal de São Paulo, ela aproveitou o intervalo entre o primeiro e o segundo ato para fazer uma denúncia aos repórteres que cobriam o espetáculo: o gerente do Esplanada, o luxuoso hotel vizinho do teatro, se recusara a hospedá-la ao descobrir que era uma “mulher de cor”
Além de especializada em danças de origem africana, Dunham era antropóloga e ativista social nos Estados Unidos - orgulhosa, portanto, de sua pele negra. A denúncia de racismo caiu no país como uma bomba. Primeiro, por ter partido de uma estrela de renome internacional. Depois, porque o Brasil se julgava o mais perfeito exemplar de democracia racial. O Correio Paulistano classificou o episódio de “revoltante incidente”, o Jornal de Notícias, de “odioso procedimento de discriminação”.
De todas as reações, a mais contundente partiu do deputado federal Afonso Arinos (UDN-MG). Ele apresentou à Câmara dos Deputados um projeto para transformar determinadas atitudes racistas em contravenção penal.
RICARDO WESTIN Adaptado de brasil.elpais.com, 21/07/2020.
O episódio narrado na reportagem desconstrói a ideia de que no Brasil dos anos 1950 havia uma democracia racial.
O fato que servia de base para tal ideia, à época, é: