Brisa
Vamos viver no Nordeste, Anarina.
Vamos viver no Nordeste.
Deixarei, aqui, meus amigos, meus livros,
Minhas riquezas, minha vergonha.
Deixarás, aqui, tua filha, tua avó, teu marido,
Teu amante.
Aqui, faz muito calor.
No Nordeste, faz calor também.
Mas lá tem brisa.
Vamos viver de brisa, Anarina.
Vamos viver de brisa.
BANDEIRA, Manuel. Antologia Poética. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
O eu-lírico faz um convite explícito a uma mudança de vida radical, sem prometer nada em troca. Identifique o verso que comprova isso.
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- Língua Portuguesa | 1.1 Tipologia e Gênero Textual
TEXTO 2
Gestos amorosos
Rubem Alves
Dei-me conta de que estava velho
cerca de 25 anos atrás. Já contei o ocorrido
[35] várias vezes, mas vou contá-lo novamente.
Era uma tarde em São Paulo. Tomei um
metrô. Estava cheio. Segurei-me num
balaústre sem problemas. Eu não tinha
dificuldades de locomoção. Comecei a fazer
[40] algo que me dá prazer: ler o rosto das
pessoas.
Os rostos são objetos oníricos: fazem
sonhar. Muitas crônicas já foram escritas
provocadas por um rosto - até mesmo o
[45] nosso - refletido no espelho. Estava eu
entregue a esse exercício literário quando, ao
passar de um livro para outro, isto é, de um
rosto para outro, defrontei-me com uma
jovem assentada que estava fazendo comigo
[50] aquilo que eu estava fazendo com os outros.
Ela me olhava com um rosto calmo e não
desviou o olhar quando os seus olhos se
encontraram com os meus. Prova de que ela
me achava bonito. Sorri para ela, ela sorriu
[55] para mim... Logo o sonho sugeriu uma
crônica: "Professor da Unicamp se encontra,
num vagão de metrô, com uma jovem que
seria o amor de sua vida..."
Foi então que ela me fez um gesto
[60] amoroso: ela se levantou e me ofereceu o
seu lugar... Maldita delicadeza! O seu gesto
amoroso me humilhou e perfurou o meu
coração... E eu não tive alternativas. Como
rejeitar gesto tão delicado! Remoendo-me de
[65] raiva e sorrindo, assentei-me no lugar que
ela deixara para mim. Sim, sim, ela me
achara bonito. Tão bonito quanto o seu avô...
Aconteceu faz mais ou menos um mês. Era a
festa de aniversário de minha nora. Muitos
[70] amigos, casais jovens, segundo minha
maneira de avaliar a idade. Eu estava
assentado numa cadeira num jardim
observando de longe. Nesse momento
chegou um jovem casal amigo. Quando a
[75] mulher jovem e bonita me viu, veio em
minha direção para me cumprimentar. Fiz um
gesto de levantar-me. Mas ela, delicadíssima,
me disse: "Não, fique assentadinho aí..." Se
ela me tivesse dito simplesmente "Não é
[80] preciso levantar", eu não teria me
perturbado. Mas o fio da navalha estava
precisamente na palavra "assentadinho". Se
eu fosse moço, ela não teria dito
"assentadinho". Foi justamente essa palavra
[85] que me obrigou a levantar para provar que
eu era ainda capaz de levantar-me e
assentar-me. Fiquei com dó dela porque eu,
no meio de uma risada, disse-lhe que ela
acabava de dar-me uma punhalada...
[90] Contei esse acontecido para uma
amiga, mais ou menos da minha idade. E ela
me disse: "Estou só esperando que alguém
venha até mim e, com a mão em concha,
bata na minha bochecha, dizendo: "Mas que
[95] bonitinha..." Acho que vou lhe dar um murro
no nariz..."
Vem depois as grosserias a que nós,
os velhos, somos submetidos nas salas de
espera dos aeroportos. Pra começar, não
[100] entendo por que "velho" é politicamente
incorreto. "Idoso" é palavra de fila de banco
e de fila de supermercado; "velho", ao
contrário, pertence ao universo da poesia. Já
imaginaram se o Hemingway tivesse dado ao
[105] seu livro clássico o nome de "O idoso e o
mar"? Já imaginaram um casal de cabelos
brancos, o marido chamando a mulher de
"minha idosa querida"?
Os alto-falantes nos aeroportos
[110] convocam as crianças, as gestantes, as
pessoas com dificuldades de locomoção e a
"melhor idade"... Alguém acredita nisso? Os
velhos não acreditam. Então essa expressão
"melhor idade" só pode ser gozação.
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2705200804.h tm. Acesso em: 22/9/17
Os textos costumam manifestar simultaneamente diversas funções da linguagem, com o predomínio, entretanto, de uma sobre as outras. Encontramos, na crônica de Rubem Alves, a presença marcante da função metalinguística. Atente aos excertos apresentados a seguir e assinale a opção em que essa função NÃO se revela.
- Arte - Fundamental | 03. Estudo das Cores
Luz e sombra - suas implicações históricas*
Geraldo Souza Dias
Sabe-se que nossa visão é um fenômeno corpóreo-sensível-cognitivo, fisicamente resultante do encontro da luz — não a emanada diretamente de uma fonte, mas a refletida de seu prévio encontro com os objetos do mundo — com determinadas células de nosso olho especializadas funcionalmente de acordo com sua sensibilidade quer à cor, quer à forma, os chamados cones e bastonetes. Essa denominação, baseada na observação formal desses pequenos aparelhos ao microscópio, faz agora o caminho inverso: coube ao oftalmologista, além de ter estado atento às funções fisiológicas das tais células, encontrar no repertório formal das construções geométricas euclidianas figuras muito próximas àquelas por ele descobertas.
Embora tenha prevalecido tal divisão — cartazes com a representação das tais células fazem parte da imagem de olhos, em tamanho A1, que decoram as paredes das salas de espera nos consultórios dos oculistas — busca-se hoje uma compreensão mais íntegra do fenômeno da visão: a presença da cor, por exemplo, deixou de ser um incômodo para os modelos baseados unicamente na percepção dos contornos formais, ou, por outro lado, o conhecimento mais bem comprovado da diversidade luminosa das cores permitiu "traduzi-las" em situações acromáticas, como a fotografia em preto e branco.
Na História da Arte, a junção das palavras "luz" e "sombra" remete a um procedimento em pintura, onde a atenção do artista dirige-se aos contrastes luminosos, na tentativa de transmitir maior veracidade. Em realidade, deveríamos falar em maior ilusão, pois é o bom ilusionista quem consegue nos fazer crer que o que se passa na bidimensionalidade de um recorte de superfície são situações espaciais, no sentido de tridimensionais, ou seja, altura, largura e, principalmente — e nisto residia a apreciação da obra de um pintor de acordo com sua capacidade de convencimento de uma mentira —, a profundidade.
Do período clássico das Escolas de Arte -- as Academias -- sobrevivem algumas noções didáticas, segundo as quais o quesito "Luz e Sombra" compõe capítulo da formação do artista, e, para realizá-lo, o professor retira do armário sólidos geométricos em gesso, dispõe-nos sobre a mesa próxima à fonte de luz -- a janela -- sobrepondo-os de modo que alguns projetem suas sombras sobre os outros ou sobre a mesa, e pede aos estudantes que os copiem em folhas de papel.
Tal exercício, no mais das vezes, é feito em branco e preto, usando-se lápis ou carvão. A ausência de cor -- tanto nos sólidos, como nos meios artísticos com os quais o exercício "luz e sombra" deverá ser realizado, geralmente papel e lápis, às vezes o esfuminho para esmaecer os contrastes -- remete-nos à já referida dualidade de nossa compreensão da visão.
O fascínio que sempre nos exerceu a pintura de Caravaggio foi muitas vezes atribuído à estranha luz que banha seus personagens, resultante, talvez, de encenações noturnas — à luz de velas — em seu atelier. Percebe-se, além disso, uma acurada observação formal e a consequente reprodução das diversas gradações de luminosidade, que poderiam resultar de exímios desenhos. Entretanto, desconhecem-se desenhos de autoria de Caravaggio.
Esse fato, assim como a relação mais passível de comprovação entre as cenas de interiores e exteriores da cidade de Delft do pintor seiscentista Vermeer e o uso de aparelhos óticos de registros de luz como a câmera escura, ou ainda a possibilidade de que os drapejados nas vestes dos personagens de Ingres e a verossimilhança quase "fotográfica" de seus rostos se pautassem por registros de um outro aparelho ótico -- a câmera clara -- levaram o artista britânico David Hockney1 a lançar uma hipótese algo controversa, de acordo com a qual, independentemente do uso comprovado de aparelhos e lentes, a capacidade de observar e reproduzir gradações luminosas, em conjunto com a capacidade de reprodução formal, constituiria para os artistas um "conhecimento secreto", uma base sólida para a "genialidade" que a sociedade lhes atribuía.
Entre os pontos que geraram polêmica em torno do livro de Hockney, destaca-se a comparação dos desenhos de Ingres — este sim produziu muitos e maravilhosos desenhos — com os de Andy Warhol, surgidos num período em que o artista pôde despudoradamente fotografar um objeto ou uma cena de rua, por exemplo, projetá-los numa tela branca e com pincel fino pintar muito convincentemente o mundo "real".
É claro que estudos acurados de luz e sombra fizeram parte da formação do artista da Renascença e do Barroco. Belíssimos desenhos de Leonardo, Michelangelo, Rafael, Rembrandt — muitos deles executados como preparação para as telas — ajudam-nos a entender melhor o procedimento em chiaroscuro na pintura. Dificilmente poderemos circunscrever o talento desses artistas ao emprego de auxílio mecânico, o que seria, aliás, totalmente irrelevante. O que importa é perceber aqui a estruturação da imagem pintada a partir de representações acromáticas — os chamados valores tonais —, no período clássico da pintura, como o domínio técnico e científico de uma época para o entendimento do fenômeno da visão e da representação do mundo visível.
http://www.cap.eca.usp.br/ars9/luz_e_sombra.pdf
Converse com a turma sobre o uso da luz e sombra nas obras dos artistas. Peça aos alunos para escolherem dentro desse tema pesquisar sobre Caravaggio ou Vermeer em livros, revistas, internet etc. Numa roda de discussão promova a troca das informações pesquisadas e apreciação e análise das obras desses dois artistas.
Proponha aos alunos que escolham algumas obras dos artistas estudados para reproduzirem em fotografia. Mesmo que não seja caracterizada a vestimenta igual à da obra, oriente os alunos na montagem da cena, use focos de luz de abajures e lanternas e não use flash na hora de fotografar. Depois das fotografias prontas, monte uma apresentação em PowerPoint colocando a obra do artista e a seguida a fotografia, para poderem analisar como a fotografia foi iluminada para obter o resultado semelhante ao da obra e comentem também sobre os efeitos de luz e sombra obtidos.
- Física | F. Circuitos Elétricos
O circuito alimentado com uma diferença de potencial de 12V representado na figura a seguir, mostra quatro lâmpadas associadas, cada uma com a inscrição 12V/15W
Considerando essa associação entre as lâmpadas, é correto afirmar que:
- Matemática - Fundamental | 06. Expressões Algébricas II
(UFRGS) Se n = 107 - 10, então n NÃO é múltiplo de