Na Escola Na escola eu me preparo
pra prestar toda a atenção,
e ficar todo ligado,
acompanhar a lição. Mas depois de uns minutos,
juro, a culpa não é minha,
tudo acaba atrapalhando
as intenções que eu tinha. É o barulho lá de fora
de alguém jogando bola
e eu, preso nesta sala,
passarinho na gaiola. É o vento na janela,
o balanço da cortina,
o mosquito que não para,
os olhos da Carolina. O cascudo que estou dando
no Pedrinho aqui do lado,
que me olha e faz caretas
porque acha que é engraçado. A menina lá na frente
que tem cara de coruja,
o João que está contando
mais uma piada suja. O Chiquinho que me chama
e diz: — Olha quanto deu –
me mostrando o resultado
do meu time que perdeu. Olho para a professora
sem ouvir o que ela diz.
Os meus olhos vão fechando,
coço a ponta do nariz. E acaba acontecendo
aquilo que não devia.
A cabeça vai embora,
navegar na fantasia. Bem no meio da viagem,
totalmente inesperado,
alguém grita o meu nome,
eu levanto assustado. Vejo então a professora
bem aqui na minha frente.
Quando a gente não espera,
ela sempre chama a gente. — O que acabamos de falar?
Você ouviu, você entendeu?
E eu, já totalmente gago:
— Po... Por que se... sempre eu? Michele Iacocca. “Na Escola”. In: Vocês pensam que é fácil?.
São Paulo: Ática, 2009. p. 14-15.
Enunciado:
O poema trata de um menino que: