Leia o trecho a seguir, parte final do romance Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis:
[...]
Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de D. Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba. Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: — Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.
FIM.
ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2014.
A conclusão a que o narrador chega, a respeito de não ter tido filhos, sugere.