Texto base: Leia o texto. Sobre o amor Ferreira Gullar Houve uma época em que eu pensava que as pessoas deviam ter um gatilho na garganta: quando pronunciassem — eu te amo —, mentindo, o gatilho disparava e elas explodiam. Era uma defesa intolerante contra os levianos e que refletia sem dúvida uma enorme insegurança de seu inventor. Insegurança e inexperiência. Com o passar dos anos a ideia foi abandonada, a vida revelou-me sua complexidade, suas nuanças. Aprendi que não é tão fácil dizer eu te amo sem pelo menos achar que ama e, quando a pessoa mente, a outra percebe, e se não percebe é porque não quer perceber, isto é: quer acreditar na mentira. Claro, tem gente que quer ouvir essa expressão mesmo sabendo que é mentira. O mentiroso, nesses casos, não merece punição alguma. [...] GULLAR, Ferreira”A estranha vida banal”, editora José Olympio -
1989, e consta da antologia “As 100 melhores crônicas brasileiras”,
Editora Objetiva, pág. 279 - Rio de Janeiro – 2005.
Enunciado:
Trata-se de um texto que