A seguir há um trecho retirado da Revista Fon-Fon!, que surgiu no Rio de Janeiro, em 1907, cujo nome é uma onomatopeia do barulho feito pela buzina dos automóveis.
Olhem só o que aconteceu com o café, depois do Convênio de Taubaté. Era demais, era excessivo, os mercados não podiam mais recebê-lo; veio o Convênio, restringiu a produção, reteve a exportação, o produto valorizou-se e os seus magníficos resultados aí estão como exemplo salutar. Ora, depois do café, não se pode negar que o verso é o produto que mais domina e abarrota os nossos jornais. Portanto, os Srs. Poetas, ávidos de publicidade, podiam ir produzindo, mas, guardá-los-iam nas suas estantes, mas com a condição indispensável de guardá-los inéditos. As gavetas das redações teriam assim tempo de esgotar a superprodução que as abarrota, o produto começava a escassear e, portanto, a valorizar-se. No fim de quatro ou cinco anos, estaria a poesia perfeitamente valorizada, como aconteceu com o café.
Não acham boa ideia a do Convênio?
Adaptado para a nova ortografia da Língua Portuguesa. Revista Fon-Fon!, ano V, n. 33.
19 ago. 1911. Disponível em: <http://objdigital.bn.br/acervo_digital/
div_periodicos/fonfon/fonfon_1911/fonfon_1911.htm>.
Acesso em: 9 dez. 2014. Adaptado.
Vocabulário:
salutar – construtivo; que contribui para a resolução de problemas.
O autor consegue garantir o humor no texto ao